Romancista premiado conversa com leitores na Feira de Livros da EdUFSC

21/03/2012 09:54
“E foi assim que, sem mais escorregar nada não e com bem menos de
dificuldade, ele apegou-se um só instantinho àquele e último galho,
antes de se despenhar de lá de cima e chegar no ao-chão a bordo de um
baque seco cheio de ecos. Que tapa dado em cara de filho e queda de
suicida nunca param de ecoar.”

(trecho de Ao que minha vida veio, de Alckmar Luiz dos Santos)

Tapa dado em cara de filho e queda de suicida nunca se desesquece, sobretudo quando
assistidos por um futuro escritor. Ficam mesmo “atroando ainda depois de terem silenciado
as carpideiras todas, e desaparecido tudo quanto é soluço fingido e não”, como diz a abertura
do romance de Alckmar Luiz dos Santos. Vencedor do Concurso Romance Salim Miguel,
promovido pela Editora UFSC no ano passado, Alckmar faz a cena de um adolescente de 17
anos caindo de um prédio de 12 andares que guardou na memória por muitos anos derivar e
entrelaçar-se à aparição do cometa de Halley em 1954. O romance dá partida nos anos 30 e se
desdobra em quatro décadas de alucinante narrativa, desfilando uma rede de paisagens e de
personagens históricos e fictícios na saga do tropeiro Juca Capucho.

Depois do lançamento em Florianópolis e na capital de São Paulo, obra e autor foram
recebidos em festa em Silveiras, na serra paulista, terra natal do escritor e cenário dessa
narrativa que entremeia lembranças de juventude no universo campeiro e história do Brasil
em tempos de guerra e de esquadria da fumaça. O lançamento na Feira de Livros da UFSC
ocorrerá no dia 21 de março, quarta-feira, às 17 horas, na Praça da Cidadania. Alckmar estará
na Tenda dos Autores para uma conversa com o público, dentro da Programação da Tarde de
Encontro com Leitores. Radicado há 20 anos em Santa Catarina, onde é professor de Letras e
Literatura da UFSC e coordena há 17 anos o Núcleo de Pesquisa em Informática Linguística e
Literatura, maior banco digital de literatura do Brasil, o escritor carrega na sua criação o traço
dos lugares geográficos e literários onde viveu.

Na reinvenção de uma sintaxe tropeira, na largueza e riqueza de vocabulário que lança o
dicionário regionalista em uma linguagem e uma reflexão universalizante, salta aos olhos a
influência da prosa de Guimarães Rosa, cuja obra Alckmar estudou no mestrado. A gramática
ao mesmo tempo erudita e popular, o modo selvagem de enrilhar as frases e puxar os
diálogos, trazendo para o registro escrito o ritmo e a musicalidade da fala tropeira, torna a

leitura desafiante, mas sem freios. A estranheza de vocabulário não param a leitura, trôpega
como um terreno montanhoso, mas veloz como um cavalo xucro. Não é do tipo de romance
que começa devagarzinho, para ir fisgando o leitor aos poucos. Ao que minha vida veio começa
com o cavalo encilhado e dispara até o fim, antes que o leitor pense em saltar, montado na
garupa de um narrador que busca descobrir na história de sua região, suas próprias origens: o
nome do pai e da mãe que lhe são escondidos.

Na busca de repostas para sua história pessoal, há o esforço de reconstrução de fatos da
história do Brasil. “Por exemplo, há uma passagem do cometa Halley, contada pelo meu
avô, que ficou muito espantado ao ver voar aquela bolona com rabo no céu.” Esse evento
individual se emaranha a casos importantes para a região, como a revolução de 1932, quanto
Silveiras foi bombardeada por aviões cariocas das forças federais, chamados de vermelhinhos
pelos habitantes. “É historia que ouço ainda hoje de minha mãe. Ninguém conhecia avião, mas
todos sabiam que dele se jogavam bombas”. A história adentra a Segunda Guerra Mundial,
quando o personagem desiludido, vai, como voluntário da FEB, lutar na Itália e se entremeia
com memórias da infância do autor sobre pessoas que perderam amigos na guerra ou de
jovens que regressaram loucos. O romance passa pelo suicídio de Getúlio, em 54, e segue
sempre cruzando a história miúda com a história grande, uma forma, segundo o responsável
pela essa obra de alquimia, de dizer que uma é tão importante quanto a outra.

Alckmar Santos é professor de Literatura Brasileira na Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), onde coordena o Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura
e Linguística (NUPILL). Foi pesquisador convidado na Université Paris 3 - Sorbonne
Nouvelle (2000-2001) e na Universidad Complutense de Madrid (2009-2010). É
também poeta, romancista e ensaísta. Autor dos livros Leituras de nós: ciberespaço
e literatura, Dos desconcertos da vida filosoficamente considerada (ensaio e
poemas, respectivamente Prêmio Transmídia - Instituto Itaú Cultural), Rios
imprestáveis (poemas, Prêmio Redescoberta da Literatura Brasileira da revista Cult).

Romance - Ao que minha vida veio...
Autor: Alckmar Santos
Editora UFSC
Páginas: 202
Preço: R$ 15,00

Data: dia 21 de março de 2012.
Hora: 17 horas

Local: Tenda dos Autores Feira de Livros da UFSC, Praça da Cidadania

Contatos do autor:

E-mail: alckmar@cce.ufsc.br

Raquel Wandelli
Jonralista – SeCArte – UFSC
Fones? 37218729 e 37218910 e 99110524
www.secarte.ufsc.br www.ufsc.br

O florescimento da poesia na capital mundial da guerra

21/03/2012 09:46
Seis décadas da lírica alemã são apresentadas nessa seleção de 64 poemas
organizados e traduzidos pelos professores do curso de Alemão Rosvitha
Friesen Blume e Markus Weininger. Em um trabalho de antologia inédito no
Brasil, a obra contempla talentos da poesia em língua alemã desde o Pós-
Guerra até o início do século XXI. A amostra selecionada tem um caráter
panorâmico, embora sem a pretensão de abranger a totalidade de nomes,
eixos temáticos, especificidades formais e tendências estéticas do período. A
obra está sendo lançada pela editora da UFSC no dia 21, às 17 horas, na Feira
de Livros da editora da UFSC, na Praça da Cidadania, em frente ao prédio da
Reitoria.

A seleção passa por nomes internacionalmente consagrados como o de Paul
Celan, pela poesia política dos anos 60 de Hans Magnus Enzensberger, pelo
experimentalismo lingüístico do austríaco Ernst Jandl, pelo cantor e poeta
Wolf Biermann, expatriado pela então Alemanha Oriental, por Erich Fried, o
poeta talvez mais popular deste período, pela poesia da década de 70, mais
voltada para a subjetividade, com Rolf Dieter Brinkmann e Nikolas Born, por
Durs Grünbein, um destaque nos anos 90 na Alemanha recém reunificada, e
pela geração do novo século, como Silke Scheuermann e Nico Bleutge, entre
outros.

Além de dirigir-se ao público leitor brasileiro em geral, a antologia bilíngue
proporciona aos conhecedores da língua alemã a leitura dos poemas
selecionados na língua de origem, de modo a tornar visível o inevitável,
e ao mesmo tempo fascinante processo de reconstrução e de recriação
que se opera em qualquer tradução. Concebida como livro didático para
cursos de Letras, de Estudos da Tradução e de áreas afins, a antologia vem
acompanhada de uma introdução detalhada à poesia alemã das seis últimas
décadas e de um elucidativo posfácio sobre a tradução de poesia.

P.S. Os dois autores estarão no dia 21, às 17 horas, na Tarde de Encontro
com Leitores, na Tenda dos Autores, junto à Feira de Livros da editora da
UFSC, para conversar com os leitores sobre sua obra. (Praça da Cidadania,
em frente ao prédio da Reitoria)

FEIRA DE LIVROS DA UFSC VAI ATÉ 4 DE ABRIL

21/03/2012 09:38
Poesia, conto, romance, filosofia, bioética, história, sociologia e literatura, além de
obras didáticas de engenharia, física e matemática estão entre os 21 lançamentos
programados para a Feira de Livros da Editora UFSC, que entrou na sua terceira
semana com um público diário de duas mil pessoas. Aberta ao público, a mostra
começou na segunda-feira (5), marcando a volta às aulas na UFSC e funciona de
segunda a sexta, das 8:30 às 19 horas, com extensão do horário nas quartas-feiras
até as 20h30min. Até o dia 4 de abril, em uma grande tenda coberta na Praça da
Cidadania, a Editora está expondo com até 70% de desconto 1.800 títulos e cerca
de 20 mil exemplares, entre lançamentos do seu catálogo, das instituições livreiras que integram a Liga de Editoras Universitárias e de outras editoras reconhecidas no mercado.
Vários livros estão sendo lançados na presença dos autores, que também estão
participando de tardes de autógrafos e conversa com os leitores em uma tenda
preparada especialmente para isso junto à feira, sempre às quartas-feiras, às 17
horas. Para embalar os encontros, ao final das quartas-feiras a editora promove
a apresentação do Duo Ariramba, com Adriana Cardoso (voz) e Trovão Rocha
(contrabaixo). “Queremos promover não apenas a comercialização de livros, mas
patrocinar o encontro entre escritores e seu público”, diz o editor Sérgio Medeiros.
Alckmar dos Santos, vencedor do Concurso Romance Salim Miguel com o romance
épico Ao que Minha vida veio, estará na Tenda dos Autores no dia 21. O romance
dividirá a atenção do público com a participação dos autores da antologia poética Seis
décadas de poesia, de Rosvitha Blume e Markus Weinenger.
E na tarde do dia 28, Silveira de Souza, autor da coletânea de contos Ecos no Porão
II, livro incluído pela Coperve na Lista do Vestibular 2013 da UFSC, conversará sobre
a obra, que terá o lançamento de sua segunda edição pela EdUFSC. No mesmo dia,
Lincoln Frias virá de Belo Horizonte para o lançamento de A ética do uso e da seleção
de embriões (vencedor do Grande Prêmio UFMG de Teses de 2011). Editado com
apoio da Fapemig, o livro traz uma discussão filosófica emergente sobre as questões
morais e sociais em torno dos avanços da ciência na área da genética.

A EdUFSC preparou
outros lançamentos inéditos especialmente para a feira, como
O Espelho da América: de Thomas More a Jorge Luis Borges, de Rafael Ruiz,
que desbrava a história da primeira modernidade da América através da literatura
clássica. Estão na lista dos novos livros também Ongs e políticas neoliberais no
Brasil, de Joana Aparecida Coutinho, Bioética, do filósofo José Heck e Percursos em
teoria da Gramática, de Roberta Pires de Oliveira e Carlos Mioto. Além de promover
os lançamentos, a editora vai oferecer com descontos obras que tiveram grande
repercussão no ano passado, como Homo academicus, do sociólogo francês Pierre
Bourdieu, traduzido pela professora do curso de Pedagogia da UFSC Ione Valle.
Ligação direta, ensaio inédito do filósofo italiano Mario Perniola sobre as relações
entre estética e política também se destaca na mostra.

Os livros Seis décadas de poesia alemã, organizado por Rositha Blume e Markus
Weininger e O liberalismo de Ralf Dahrendorf, de Antônio Carlos Dias Júnior saíram

direto da gráfica para a feira antes do término do evento. Mais uma novidade: o editor

Sérgio Medeiros avisa que está indo para a gráfica esta semana Riverão Sussuarana,

o grande romance do cineasta Glauber Rocha, co-editado com o Itaú Cultural, que

também deverá ficar pronto para a feira, assim como Códices, do historiador e

pesquisador mexicano Miguel León-Portilla, considerado o maior especialista em

escritas ameríndias (maia e asteca) da atualidade.

Feira de livros da Editora UFSC/ Liga de Editoras Universitárias
Data: 5 de março a 4 de abril
Local: Praça da Cidadania da UFSC
Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 8:30 às 19 horas
(quartas-feiras, das 8:30 às 20h30min)


Lançamentos na Feira – Tardes de autógrafos e conversa com autores

Horário: a partir das 17 horas.Local: Tenda dos autores junto à Feira

Leonilda Antunes Pereira, líder dos trabalhadores rurais e autora do livro de poemas
Gralha azul; nas asas da esperança
Data: 7 de março (como atividade do Dia Internacional da Mulher, a partir das 14
horas)
Rodrigo de Haro, autor de Poemas, caixa-livro com os volumes “Folias do Ornitorrinco”
e “Espelho dos Melodramas”.
Alberto Cupani, autor de Filosofia da Tecnologia
Data: 14 de março, a partir das 17 horas

Alckmar dos Santos, vencedor do I Concurso Romance Salim Miguel com Ao que
minha veio
Rosvitha Blume e Markus Weininger, autores de Seis décadas de poesia alemã
Data: 21 de março, a partir das 17 horas

Silveira de Souza, autor da coletânea de contos Ecos no porão 2,

Data: 28 de março, a partir das 17 horas
Lincoln Frias, doutor em filosofia, autor de A ética do uso e da seleção de embriões, de
(vencedor do Grande Prêmio UFMG de Teses de 2011)Outros lançamentos na Feira:

• O Espelho da América: de Thomas More a Jorge Luis Borges, história da
modernidade latino-americana através da literatura clássica, de Rafael Ruiz.
• Ecos no Porão II, coletânea de contos de Silveira de Souza que faz parte da
lista do Vestibular 2013;

• Percursos em teoria da Gramática, de Roberta Pires de Oliveira e Carlos Mioto;

• Ongs e políticas neoliberais no Brasil, de Joana Aparecida Coutinho;

• Bioética, do filósofo José Heck;
• Matrizes e sistemas de equações lineares, de Nilo Kühlkamp (Série Didática,
nova edição)
Introdução à engenharia; conceitos, ferramentas e comportamentos, de Walter

Antonio Bazzo e Luiz Teixeira do Valle Pereira (Série Didática, nova edição)
• Tecnologia da fabricação de revestimentos cerâmicos, de Antônio PedroOutros lançamentos para o primeiro trimestre:

• O liberalismo de Ralf Dahrendorf, de Antônio Carlos Dias Júnior;
• Seis décadas de poesia alemã, organizado por Rositha Blume e Markus
Weininger;
• Códices, do historiador e pesquisador mexicano Miguel León-Portilla, maior
especialista em escritas ameríndias (maia e inca) da atualidade;

• Riverão Sussuaruna, romance do cineasta Glauber Rocha, em co-edição
EdUFSC e Fundação Itaú CulturalPreços de livros na Feira:

Poemas, de Rodrigo de Haro, com os volumes “Folias do Ornitorrinco”
e “Espelho dos Melodramas” (de R$ 58,00 por R$ 40,00)

Homo Academicus, de Pierre Bourdieu (de R$ 56,00 por R$ 40,00);

O Espelho da América: de Thomas More a Jorge Luis Borges, de Rafael Ruiz (de
R$ 31,00 por R$ 16,00);Ecos no Porão II, coletânea de contos Silveira de Souza (relacionado na lista do
Vestibular 2013 da UFSC) (R$ 15,00);

Filosofia da Tecnologia, de Alberto Cupani (de R$ 34,00 por R$ 17,00);

Gralha azul; nas asas da esperança, poemas de Leonilda Antunes Pereira (de R$
12,00 por R$ 5,00)

Ao que minha vida veio, de Alckmar dos Santos, vencedor do Concurso
Romance Salim Miguel (de R$ 29,00 por R$ 15,00);

Ongs e políticas neoliberais no Brasil, de Joana Aparecida Coutinho (de R$ 26,00

por R$ 13,00);Bioética, do filósofo José Heck (de R$ 26,00 por R$ 13,00);

Percursos em teoria da Gramática, de Roberta Pires de Oliveira e Carlos Mioto;
(de R$ 29,00 por R$ 15,00)Matrizes e sistemas de equações lineares, de Nilo Kühlkamp (Série Didática – de
R$ 26,00 por R$ 13,00);

Introdução à engenharia; conceitos, ferramentas e comportamentos, de Walter

Antonio Bazzo e Luiz Teixeira do Valle Pereira (Série Didática – de R$ 26,00 por
R$ 13,00);Tecnologia da fabricação de revestimentos cerâmicos – Antônio Pedro (de R$
22,00 por R$ 11,00)

Raquel Wandelli
Assessora de Comu

nicação da SeCArte
raquelwandelli@yaho..com.brwww.secarte.ufsc.br

www.ufsc.br

Informações: 37218729 e 99110524

Alberto Cupani e Rodrigo de Haro hoje na Feira de Livros da UFSC

15/03/2012 17:38
A Feira de Livros da Editora da UFSC entra em sua segunda semana de funcionamento na Praça da Cidadania com um público diário de duas mil pessoas e o lançamento de 21 livros inéditos. Dentro da programação da Tarde de Encontro com Leitores, que ocorre sempre às quartas-feiras, às 17 horas, na Tenda dos Autores, dois escritores estarão presentes hoje (14) na feira para o lançamento de suas obras. O multiartista Rodrigo de Haro, autor da caixa Poemas, com os volumes“Folias do Ornitorrinco” e “Espelho dos Melodramas”, vai conversar sobre sua obra e fazer a leitura de alguns poemas.E o professor Alberto Cupani, autor de Filosofia da Tecnologia, importante ensaio rastreando a questão ética no uso das tecnologias, também estará na Feira recebendo o público.
Rodrigo terá ainda um lançamento à parte no dia 15, no Espaço Cultural Coisas de Maria João, em Santo Antônio de Lisboa. Alckmar dos Santos, vencedor do Concurso Romance Salim Miguel com o romance épico Ao que Minha vida veio, estará na Tenda dos Autores no dia 21. E na tarde do dia 28, Silveira de Souza, autor da coletânea de contos Ecos no Porão II, livro incluído pela Coperve na Lista do Vestibular 2013 da UFSC, conversará sobre a obra, que terá o lançamento de sua segunda edição pela EdUFSC. No mesmo dia, Lincoln Frias virá de Belo Horizonte para o lançamento de A ética do uso e da seleção de embriões (vencedor do Grande Prêmio UFMG de Teses de 2011). Editado com apoio da Fapemig, o livro traz uma discussão filosófica emergente sobre as questões morais e sociais em torno dos avanços da ciência na área da genética.
Poesia, conto, romance, filosofia, bioética, história, sociologia e literatura, além de obras didáticas de engenharia, física e matemática estão entre os lançamentos programados para a Feira. Aberta ao público, a mostra começou na segunda-feira (5), com a volta às aulas na UFSC e funciona até o dia 4 de abril, de segunda a sexta, das 8:30 às 19 horas, com extensão do horário nas quartas-feiras até as 20h30min. Em uma grande tenda coberta na Praça da Cidadania, a Editora está expondo com até 70% de desconto 1.800 títulos e cerca de 20 mil exemplares, entre lançamentos do seu catálogo, das instituições livreiras que integram a Liga de Editoras Universitárias e de outras editoras reconhecidas no mercado. Entre os campeões de venda até agora estão a Série Didática e os lançamentos, com destaque para Bioética, do filósofo José Heck.
Os livros Seis décadas de poesia alemã, organizado por Rositha Blume e Markus Weininger e O liberalismo de Ralf Dahrendorf, de Antônio Carlos Dias Júnior saíram direto da gráfica para a feira. Riverão Sussuarana,o grande romance do cineasta Glauber Rocha, co-editado com o Itaú Cultural, também já está na gráfica e deverá ficar pronto para a última semana do evento, assim como Códices, do historiador e pesquisador mexicano Miguel León-Portilla, considerado o maior especialista em escritas ameríndias (maia e asteca) da atualidade.
A EdUFSC preparou outros lançamentos inéditos especialmente para a feira, como O Espelho da América: de Thomas More a Jorge Luis Borges, de Rafael Ruiz, que desbrava a história da primeira modernidade da América através da literatura clássica. Estão na lista dos novos livros também Ongs e políticas neoliberais no Brasil, de Joana Aparecida Coutinho e Percursos em teoria da Gramática, de Roberta Pires de Oliveira e Carlos Mioto. Além de promover os lançamentos, a editora vai oferecer, com desconto, obras que tiveram grande repercussão no ano passado, como Homo academicus, do sociólogo francês Pierre Bourdieu, traduzido pela professora do curso de Pedagogia da UFSC Ione Valle. Ligação direta, ensaio inédito do filósofo italiano Mario Perniola sobre as relações entre estética e política também se destaca na mostra.
Feira de livros da Editora UFSC/ Liga de Editoras Universitárias
Data: 5 de março a 4 de abril
Local: Praça da Cidadania da UFSC
Horário de funcionamento:segunda a sexta, das 8:30 às 19 horas
(quartas-feiras, das 8:30 às 20h30min)
Lançamentos na Feira – Tardes de autógrafos e conversa com autores
Horário: a partir das 17 horas.
Local: Tenda dos autores junto à Feira
Rodrigo de Haro, autor de Poemas, caixa-livro com os volumes “Folias do Ornitorrinco” e “Espelho dos Melodramas”.
Alberto Cupani, autor de Filosofia da Tecnologia
Data: 14 de março, a partir das 17 horas
Alckmar dos Santos, vencedor do I Concurso Romance Salim Miguel com Ao que minha veio
Data: 21 de março, a partir das 17 horas
Silveira de Souza, autor da coletânea de contosEcos no porão 2,
Data: 28 de março, a partir das 17 horas
Lincoln Frias, doutor em filosofia, autor de A ética do uso e da seleção de embriões, de (vencedor do Grande Prêmio UFMG de Teses de 2011)
Outros lançamentos na Feira:
· O Espelho da América: de Thomas More a Jorge Luis Borges, história da modernidade latino-americana através da literatura clássica, de Rafael Ruiz.
· Ecos no Porão II, coletânea de contos de Silveira de Souza que faz parte da lista do Vestibular 2013;
· Percursos em teoria da Gramática, de Roberta Pires de Oliveira e Carlos Mioto;
· Ongs e políticas neoliberais no Brasil, de Joana Aparecida Coutinho;
· Bioética, do filósofo José Heck;
· Matrizes e sistemas de equações lineares, de Nilo Kühlkamp (Série Didática, nova edição)
· Introdução à engenharia; conceitos, ferramentas e comportamentos,de Walter Antonio Bazzo e Luiz Teixeira do Valle Pereira (Série Didática, nova edição)
· Tecnologia da fabricação de revestimentos cerâmicos, de Antônio Pedro
· O liberalismo de Ralf Dahrendorf, de Antônio Carlos Dias Júnior;
· Seis décadas de poesia alemã, organizado por Rositha Blume e Markus Weininger;
· Códices, do historiador e pesquisador mexicano Miguel León-Portilla, maior especialista em escritas ameríndias (maia e inca) da atualidade (ainda no prelo);
· Riverão Sussuaruna, romance do cineasta Glauber Rocha, em co-edição EdUFSC e Fundação Itaú Cultural (ainda no prelo).
Preços de livros na Feira:
Poemas, de Rodrigo de Haro, com os volumes “Folias do Ornitorrinco” e “Espelho dos Melodramas” (de R$ 58,00 por R$ 40,00)
Homo Academicus, de Pierre Bourdieu (de R$ 56,00 por R$ 40,00);
O Espelho da América: de Thomas More a Jorge Luis Borges, de Rafael Ruiz (de R$ 31,00 por R$ 16,00);
Ecos no Porão II, coletânea de contos Silveira de Souza (relacionado na lista do Vestibular 2013 da UFSC) (R$ 15,00);
Filosofia da Tecnologia, de Alberto Cupani (de R$ 34,00 por R$ 17,00);
Gralha azul; nas asas da esperança, poemas de Leonilda Antunes Pereira (de R$ 12,00 por R$ 5,00)
Ao que minha vida veio, de Alckmar dos Santos, vencedor do Concurso Romance Salim Miguel (de R$ 29,00 por R$ 15,00);
Ongs e políticas neoliberais no Brasil, de Joana Aparecida Coutinho (de R$ 26,00 por R$ 13,00);
Bioética, do filósofo José Heck (de R$ 26,00 por R$ 13,00);
Percursos em teoria da Gramática, de Roberta Pires de Oliveira e Carlos Mioto; (de R$ 29,00 por R$ 15,00)
Matrizes e sistemas de equações lineares, de Nilo Kühlkamp (Série Didática – de R$ 26,00 por R$ 13,00);
Introdução à engenharia; conceitos, ferramentas e comportamentos, de Walter Antonio Bazzo e Luiz Teixeira do Valle Pereira (Série Didática – de R$ 26,00 por R$ 13,00);
Tecnologia da fabricação de revestimentos cerâmicos – Antônio Pedro (de R$ 22,00 por R$ 11,00)
Raquel Wandelli
Assessora de Comunicação da SeCArte
Informações: 37218729 e 99110524

De Santos e sábios, obra com ensaios de Joyce ganha repercussão nacional

14/03/2012 10:36

O outro lado de James Joyce

De Santos e Sábios, livro de ensaios do escritor irlandês, surpreende pela diversidade de temas e por sua politização

Sábado, 10 de Março de 2012, 03h10

Antonio Gonçalves Filho

A reunião dos textos estéticos e políticos do irlandês James Joyce (1882 -1941) no livro De Santos e Sábios revela mais sobre o escritor do que talvez gostasse o autor de Ulysses. Há nesses ensaios tanto um homem generoso, capaz de fazer justiça ao visionário poeta e pintor William Blake, como um iconoclasta disposto a arrasar a reputação de contemporâneos como o dramaturgo irlandês Arnold F. Graves. Quatro tradutores se debruçaram sobre o livro The Critical Writings (1959), editado por Ellsworth Mason e Richard Ellman, buscando ainda apoio em outro livro, Occasional, Critical an Political Writing, para discutir as relações entre os ensaios de Joyce e sua obra ficcional, escrevendo cada um deles uma pequena introdução crítica a meia centena de textos produzidos entre 1896, quando o escritor tinha apenas 14 anos, e 1937.

A ordem cronológica, nesse caso, comprova a evolução tanto da sintaxe como do pensamento de Joyce. No primeiro texto que se conhece do irlandês, o futuro escritor refere-se ao olho como capaz de definir o caráter de um homem, ao revelar culpa e inocência, vício e virtude. Seria, segundo Joyce, a única exceção ao provérbio “não se deve confiar nas aparências”, parodiado por Oscar Wilde no seu mais célebre aforismo (“só os tolos não julgam pela aparência”). Sobre o compatriota, Joyce escreve um comovente ensaio no livro (relatando o fim do poeta e dramaturgo). Já no último texto, de 1937, Joyce não precisa olhar nos olhos do pirata Samuel Roth, primeiro editor americano de Ulysses, para acusá-lo de inescrupuloso – ele lançou uma edição truncada e, claro, o autor não recebeu seus direitos. Como se sabe, o épico modernista foi banido nos EUA, em 1922, mesmo ano de sua publicação, na França. Acusado de blasfêmia e obscenidade, só foi liberado em 1933.

Boa parte da literatura ocidental, observa um dos tradutores do livro, Caetano Galindo, continua a ignorar esse “vulcão” literário, passando ao largo de Ulysses, traduzido também por Galindo – a nova versão será lançada pela Companhia das Letras em abril. Já os que reconhecem o papel revolucionário de Joyce como ficcionista podem se surpreender com esses ensaios – alguns bem convencionais e escritos para jornais. Surpreendentemente, Joyce se considerava um jornalista nato, apesar da constrangedora entrevista que fez, em 1903, com o piloto de corridas Henri Fournier. É certo que precisava de dinheiro para viver em Paris, mas a conversa com o francês, publicada no Irish Times, nada acrescenta à trajetória de Joyce.

Nesse mesmo ano, ele tentou começar uma carreira de crítico, ajudado por Lady Gregory, que o recomendou ao editor do Daily Express, segundo o tradutor André Cechinel. Provavelmente para impressionar o editor Longworth e afirmar sua autonomia, Joyce foi bastante cruel com a autora do livro Poets and Dreamers (ele classifica de “pitoresca” a obra de Lady Gregory, que não gostou da resenha). Talvez por precaução, no ano seguinte, 1904, Joyce assinou seu primeiro conto publicado, As Irmãs (incluído depois em Os Dublinenses), com o pseudônimo de Stephen Dedalus, nome que figuraria como um dos personagens de Ulysses. Detalhe: Joyce condena o uso de pseudônimos no texto Um Inútil (1903), publicado no mesmo Daily Express, sobre um livro de Valentine Caryl (aliás, Valentine Hawtrey, escritora de romances protofeministas como Suzanne, de 1906).

São sobre política (principalmente o eterno conflito entre ingleses e irlandeses) e o dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906) os melhores ensaios do livro De Santos e Sábios, organizado por Sérgio Medeiros e sua mulher Dirce Waltrick do Amarante, ambos tradutores de Joyce. Sobre artes visuais, Joyce parece um neófito perdido ao descrever o realismo do pintor húngaro Michael Munkácsy. Sobre filosofia, chega a canonizar Giordano Bruno como o pai da filosofia moderna, rebaixando Bacon e Descartes. Finalmente, sobre literatura, ele parece um tanto desconfiado dela na virada do século (ver o ensaio Drama e Vida, de 1900), a ponto de não poupar nem mesmo a tragédia grega – Joyce dizia que ela já cumprira seu papel. Mais tarde, ele mudaria de opinião, ao definir a literatura como “a arte mais elevada e espiritual”.

A defesa que faz da literatura como forma de combate à opressão – ele escreve sobre a censura às peças de Bernard Shaw, Ibsen e Oscar Wilde – comprova a observação da tradutora Dirce Waltrick do Amarante sobre a posição política de Joyce, visível, segundo ela, tanto na sua ficção como nos ensaios críticos. A “Grande Fome” (1845-8) que matou mais de metade dos irlandeses, fez com que os sobreviventes se voltassem contra o governo britânico, sempre acusado de uma política assassina por Joyce. Embora raramente mencione o fato histórico em suas obras de ficção, é o tema do ensaio Irlanda, Ilha de Santos e Sábios (1907), petardo contra o colonialismo inglês. Uma separação moral, escreve Joyce, existe entre os dois países: os ingleses desprezam os irlandeses por serem pobres, católicos – e, portanto, reacionários, acrescenta o escritor. Mas foram as leis inglesas que arruinaram as indústrias do país e o levaram à bancarrota, conclui.

“O Estado de São Paulo”, caderno Sabático

UFSC oferece curso gratuito em cultura açoriana para professores

13/03/2012 11:57

UFSC oferece curso gratuito em cultura açoriana para professores

 

Capacitação vai preparar professores para realizar atividades artísticas e pedagógicas com seus alunos, ajudando a fortalecer o vínculo com a cultura herdada dos colonizadores açorianos.

 

Professores de escolas públicas e privadas de São Francisco do Sul têm a oportunidade de participar do Curso de Capacitação que o Núcleo de Estudos Açorianos, da Secretaria de Cultura e Arte da Universidade Federal de Santa Catarina, oferece nos dias 21, 22 e 23 de março, no Teatro 10 de Novembro.  O objetivo do curso é capacitar os professores a desenvolverem atividades que promovam o conhecimento sobre a cultura açoriana no litoral de Santa Catarina entre as crianças e adolescentes, envolvendo as áreas de história, artes, redação, música, dança, recreação, antropologia, sociologia e patrimônio histórico. Os trabalhos pedagógicos elaborados pelos alunos serão apresentados nos estandes das escolas durante a 19ª. Festa da Cultura Açoriana de Santa Catarina (AÇOR), o maior evento do gênero do Brasil, que acontece em agosto, também em São Francisco do Sul.

 

As inscrições – gratuitas – para as 180 vagas estão abertas na Secretaria Municipal de Educação. Para Francisco do Vale Pereira, diretor do Núcleo de Estudos Museológicos: O conteúdo do curso envolve conhecimentos da história, do folclore açoriano e da própria Festa Açoriana, que há quase duas décadas é realizada todos os anos em um município diferente do litoral catarinense. “O objetivo central do curso é que as pessoas da cidade compreendam os contextos históricos, sociais e geográficos que modelam os costumes presentes em seu cotidiano”.

 

Fazem parte da programação as palestras “Açorianos em Santa Catarina e contribuições na formação do povo catarinense” e “Culto ao Espírito Santoo sagrado e o profano”, ministradas por Joi Cletison, historiador e diretor do NEA.  Francisco do Vale Pereira, historiador e diretor do Núcleo de Estudos Museológicos, explanará sobre os temas “O que é o AÇOR – festa da Cultura Açoriana de Santa Catarina” eOs Açores”, enquanto Nereu do Vale Pereira, historiador e sociólogo, abordará “A Presença Açoriana no Litoral Catarinense”. Gelci José Coelho, historiador e museólogo, mais conhecido como Peninha, falará sobre a “Herança Açoriana” e “O folclore e as lendas do litoral”.

 

 

Matheus Moreira Moraes

Estagiário de Comunicação da SeCArte

passaportecultural2@gmail.com

www.secarte.ufsc.br

www.ufsc.br

Informações: 37218729 e 99110524

 

SERVIÇO:

O quê: Curso de capacitação em cultura açoriana para professores da rede municipal

Data: 21 e 23 de março de 2012

Local: Teatro 10 de Novembro

Promoção: Universidade Federal de santa Catarina

Secretaria de Cultura e arte

Realização: Núcleo de estudos Açorianos/UFSC

Informações: (48)9114-4477 – Francisco do Vale Pereira

Inscrições: (47)3444-6161

Qorpus chega a quarta edição com mix de artes

13/03/2012 11:29

(http://qorpus.paginas.ufsc.br/)

Lançada em junho de 2011, a revista de artes on-line “Qorpus” chega encorpada a sua quarta edição.  Diagramada e escrita pelos alunos de Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Catarina, sob a coordenação e edição da professora Dirce Waltrick do Amarante, “Qorpus” objetiva estimular o exercício da escrita crítica e dramatúrgica. Nesta edição do jornal, cinema, literatura, performance e teatro caminham lado a lado e dialogam estreitamente.
Destaca-se, nesta edição, o ensaio de Werner Heidermann sobre a tradução do texto dramático, na janela “Como é”. Segundo Heidermann, podemos comparar o texto dramático a uma partitura, a qual só pode ser interpretada e “desdobrar seu potencial” na hora da realização pelos “instrumentos” previstos na partitura. Ainda nessa janela, o leitor encontrará duas resenhas de filmes: Alexandre Fernandez Vaz fala sobre a produção nacional mais recente, comentando “O palhaço” (2011), o premiado filme do diretor e ator Selton Mello; e Aurora Bernardini traz à cena o cinema francês contemporâneo, dando destaque ao filme “Tomboy”, dirigido por Céline Sciamma.
Na janela “Como é”, Marina Veshagem conta um pouco de sua experiência com o grupo teatral colombiano “Luz de Luna”, através de um vídeo-documentário de sua autoria. Márcio Cabral fala sobre a peça “Oxigênio”, da Companhia de Teatro de Curitiba, apresentada no final do ano passado na UFSC. Angélica Mahfuz traz uma breve reflexão sobre o teatro contemporâneo e Giovana Ursini analisa o conto “Um artista da fome”, de Franz Kafka. Por fim, um ensaio de Dirce Waltrick do Amarante sobre o teatro infantil contemporâneo.
Em “Teatro na praia”, Sérgio Medeiros fala sobre a cantora e performer Cathy Berberian. Alunos da disciplina “Adaptação, citação e tradução: teatro, cinema e literatura”, da UFSC, apresentam uma adaptação em vídeo do romance “O Senhor Valéry”, do escritor angolano Gonçalo M. Tavares. Ângela Victoriano e Guilherme Oliveira discutem o processo de montagem de “Clowns”, dirigido por Priscila Genara — o espetáculo reestreia em março no campus da UFSC.
Na janela “Teatro na Praia”, o leitor poderá apreciar um fragmento de “Com que se pode jogar”, último livro de Luci Collin, além de uma crônica de Priscila Andreza de Souza e de um fragmento das aventuras do famigerado herói Pantagruel, de François Rabelais, na tradução de Clélia Mello. Clélia Mello lê também dois poemas do livro “Espelho dos Melodramas”, de Rodrigo de Haro, integrantes dos dois volumes inéditos do conjunto Poemas, que o artista lança pela Editora UFSC no dia 15 de março, às 20 horas, no Espaço Cultural Coisas de Maria João, em Santo Antônio de Lisboa, ao lado da obra, Arcabouços 2007, de Pedro Garcia. A mesma janela traz a tradução de um fragmento do escritor Ivan Goll, por Maria Aparecida Barbosa.
Outro destaque desta edição é a publicação, na janela “… à procura de um autor”, de uma entrevista com o diretor do teatro de la Huchette, casa tradicional de Paris. A peça “A cantora careca”, do dramaturgo franco-romeno Eugène Ionesco, está em cartaz nesse teatro desde 1957, sem interrupção. Dois atores da troupe do teatro de la Huchette também participam da entrevista.
Ainda em “…à procura de um autor”, Raquel Wandelli entrevista o multiartista Rodrigo De Haro e o poeta Duda Machado, parceiro de Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros compositores brasileiros. Além de poeta, ensaísta e tradutor, Duda Machado é professor de teoria literária na Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais. Diz Rodrigo na entrevista:  “Sim, uma certa tradição hermética me fecunda. Acredito que os valores do sagrado e só eles poderão salvar o mundo. É preciso reencantar o mundo através do apelo ao silêncio e também a outros ritmos compatíveis com a expansão do ser. O ético e o social devem expandir-se sem coerção, sem decretos, mas segundo o desabrochar da consciência de cada homem: pois todos sabemos de nossos deveres, todos podemos comunicar da mesma alegria. Basta abrir a porta”.
Transitando entre a docência e a produção poética, Duda Machado, por sua vez, fala na entrevista sobre a relação entre música e poesia e sobre seu último livro, Adivinhação da leveza, pela Azougue Cultural. Aborda ainda, com eloquência, a importância da efervescente Salvador dos anos de 60 e 70 na sua formação e na de outros expressivos artistas nacionais. Conta como esse movimento conseguiu driblar o golpe de 64 e a sociedade conservadora para instaurar na capital baiana um polo de vanguarda na produção cultural para o País.
Na “Agenda Cultural”, convite para conhecer o site da performer e dançarina de butoh Emilie Sugai. A revista pode ser lida no link: http://qorpus.paginas.ufsc.br/2012/03/11/editorial-n-004-11032012/, atendendo aos apelos da campanha “universidade sem papel. “Além de estreitar o diálogo entre os alunos, estamos com essa publicação propiciando-lhes o desenvolvimento criativo e reflexivo de temas comuns”, explica a editora Dirce. Cada edição conta com a colaboração de artistas de carreira consolidada, mas principalmente de professores convidados, visando ampliar o entrosamento entre as pesquisas docentes e discentes, acrescenta a professora do Curso de Artes Cênicas e tradutora da obra de James Joyce, entre outros.
Informações: Dirce Waltrick do Amarante
37218729 e 99110524

Rodrigo de Haro e Pedro Garcia farão noite de poesia

13/03/2012 10:34

Festa, luto, folia, melodramas. Arcabouços. Da matéria da tragédia e da celebração se faz a arte desses dois grandes poetas, amigos de longa data, Rodrigo de Haro e Pedro Garcia. Juntos, eles lançam às 20 horas do dia 15 de março, no Espaço Coisas de Maria João, em Santo Antônio de Lisboa, suas duas últimas obras poéticas. O multiartista catarinense lança o livro-embalangem Poemas, que contém as obras: “Folias do Ornitorrinco” e “Espelho dos Melodramas”, em uma única edição pela Editora UFSC. Já o poeta carioca Pedro Garcia, que em 2000 teve reeditado seu primeiro livro, Viagem Norte, com serigrafia de Rodrigo de Haro, lança em Florianópolis pela Ibis Libris Arcabouços 2007. Antes, na quarta-feira, dia 14, a partir das 17 horas, Rodrigo estará na Feira de Livros da Editora da UFSC, na Praça da Cidadania, para uma conversa com o público na Tenda dos Autores.

Nessa noite de poesia em dose dupla na também poética Santo Antônio, os dois autores que compartilharam momentos históricos da cultura e da política brasileira dividirão agora o mesmo palco para a leitura de seus versos. O público poderá contemplar a maturidade, as semelhanças e as diferenças entre as duas obras: a de Rodrigo, mais grave, mais narrativa, mais enigmática, com versos que caminham ao ritmo de uma escrita do sagrado; a de Pedro, simples, direta, antibarroca, atravessada pelo humor e pelo imediatismo da fala cotidiana.
Os dois volumes de Rodrigo de Haro costuram a unidade antagônica representada pela imagem dessa espécie meio ovípara, meio mamífera que o autor homenageia no título e no poema “Ornitorrinco”. A figura do ornitorrinco bem representa esse poeta-pintor, filho do artista plástico modernista Martinho de Haro e de Maria Palma, uma dona de casa de notória sensibilidade. “Elaborado, como todos nós, de partes antagônicas para maior triunfo da unidade”, o ornitorrico é, como escreve o poeta, “animal sonhador que fecunda e brota de si mesmo”. Nascido em 1939 em Paris, por peripécias do destino, Rodrigo foi o fruto da lua de mel parisiense dos pais, que aproveitavam uma viagem de estudos recebida como prêmio pelo famoso pintor.
Resgatado às pressas da maternidade quando os nazistas invadiram a França, o recém-nascido fugiu nos braços dos pais da capital mundial da arte e retornou para a instância da São Joaquim no planalto catarinense, a quem dedica com grande afeto suas melhores elaborações surrealistas em conto e poesia.  Sobre essa história, diz ainda o poema: “Celebremos as núpcias do ornitorrinco/ gentil e pertinaz. Brindemos/ a natura folgazã, que – /por incansável amor/ao paradoxo – cheia de/ recursos, concebeu/este jardim de todas as delícias/ com a torre inclinada e/o tarot de Marselha./– Mas sobretudo/criou o ornitorrinco solidário”.
Na dualidade entre o universal e o local, o sagrado e o profano, o clássico e o maldito, o político e o surreal se constrói o universo imagético desse delicado e erudito artista que deixou a escola ainda adolescente para construir sua formação. O paradoxo Rodrigo de Haro tem 14 livros publicados e pelo menos outros seis (de contos, poemas, novelas) manuscritos esperando edição. Sua marca como artista plástico – o único catarinense que consta nos catálogos internacionais como pintor e poeta surrealista – está em vários cantos de Florianópolis, onde se criou entre artistas e intelectuais e se confunde com a própria paisagem da Ilha. A mais notória está nas paredes externas do prédio da Reitoria da UFSC, onde construiu o maior mural em mosaico do país.
Pedro Garcia:
Poeta e educador, doutor em Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ e pesquisador do CNPq, Pedro Garcia leciona na Universidade Católica de Petrópolis. Ao recomendar a leitura de Arcabouços 2007, o psicanalista e crítico cultural Muniz Sodré escreve na apresentação da obra: “Pedro Garcia é alguém que nos convida a entrar no jogo secreto da linguagem, alguém que percebeu que as palavras podem ser mágicas e prazerosamente brincalhonas sem ambiguidade comprazendo-se em dizer em se acentuar na sua pura forma (…). Seu modo é musical e intenso, sim, desde que se entenda sua musicalidade como a do silêncio, este que, diz o aforismo nagô, dá à luz a fala. E a intensidade, no caso de Pedro Garcia, é a dinâmica de sua tensa atenção à articulação silenciosa das palavras”.
Autor de uma extensa e premiada obra, Garcia publicou seu primeiro livro, Viagem Norte, em 1959. Ilha submersa e Paisagem Móvel vieram no mesmo ano de 1973 (Prêmio Poesia UFSC). A respeito de Trapézio & Trapezista, publicado em 1977, o famoso poeta Pedro Nava escreveu: “Sua poesia correta, simples, antibarroca, direta e com a dose indispensável de humor é de criação imediata, no leitor, dum estado congênere ao do autor. Seus livros são destes para guardar entre os preferidos”.
Quase uma década depois publicou Frutos do mar; Sobre a carne do poema e Índice de percurso (Prêmio Luís Delfino), em 1986. A invenção do tempo veio em 1993; ano em que publicou também Escadas improváveis, sobre o qual o prêmio Nobel de Literatura, José Saramago, escreveu: “Obrigado mesmo. Obrigado pelo livro e pelo gozo de tê-lo lido. E não por serem as Escadas Improváveis uma página 39, mas porque todas as páginas são para ler e reler, como Penélope desfazia e tornava a fazer”.
Flechas & Flechas e 34 poemas dois pedros são de 1996; Sobre nomes, de 1998 e 360º (poesia reunida), de 2005, coletânea reeditada em 1997 pelo Consejo Nacional para la Cultura y las Artes, do México. Em 1999, participou do Projeto Fonte de Poesia/Poemas no mar, com o apoio da Unesco, Biblioteca Nacional e Light. Em 2009, organizou a agenda poética Tempo passageiro, da qual fez parte com mais 11 poetas.
Serviço:
NOITE DE POESIA EM SANTO ANTÔNIO DE LISBOA
Data: 15 de março de 2012
Hora: 20 horas
Local: Coisas de Maria João (Espaço cultural e restaurante)
Santo Antônio de Lisboa
ENCONTRO COM LEITORES E TARDE DE AUTÓGRAFOS
Data: 14 de março de 2012
Hora: a partir das 17 horas.
Local: Feira de Livros da Editora da UFSC (Tenda dos Autores)
RODRIGO DE HARO – EDITORA UFSC
Poemas (caixa-livro)
“Folias do Ornitorrinco”
“Espelho dos Melodramas”
PEDRO GARCIA – EDITORA IBIS LIBRIS
Arcabouços 2007
Texto: Raquel Wandelli, Jornalista na SeCArte/UFSC
Fones: 37218729 e 99110524

www.agecom.ufsc.br

Duda Machado, música na memória, poesia no punhal

13/03/2012 10:31

Como anotações repetidas num diário

Não há mais nada para ser adiado.

No ar coberto pelo pó, a memória

esbarra nos rastros do que pôde ser

vivido como revelação e início.

O espelho que aguarda,

o mar de antes,

a miséria tão

certa como a esquina,

o que os corvos sabem (?).

Dentro da falha que persiste,

a persistência em querer ver.

A surpresa ante o próprio

entusiasmo repentino.

E a escuridão – desejada

feito música.

(Adivinhação da Leveza, Editora Azouge, 2011)

 

Ele foi, ao lado de Waly Salomão, o letrista predileto das fases mais vanguardistas de Gal Costa e JardsMacaléna década de 60. Mas nunca tocou um instrumento, a não ser “três anos infelizes de sanfona” para atender a um desejo do pai. Quem esquece Gal cantando “Doce amor”, com sua garra vocal e performática, “como um punhal que brilha”? E a voz de Elis Regina também assina uma comovente gravação de “Doente Morena”. Antes da experiência musical, ele já havia investido seu talento na arte cinematográfica. Cinéfilo colecionador e freqüentador compulsivo de salas de projeções, com pouco mais de 20 anos estava decidido pela carreira de diretor. Chegou a realizar um curta-metragem e alguns esboços de roteiro que acabou deixando na gaveta, intimidado com o trabalho prático exigido pelo aparato de produção. Embora as incursões na música e no cinema não o tivessem satisfeito inteiramente, encorajaram-no para um terceiro projeto: escrever poesia e dar vazão a uma intensa leitura do gênero. Dessas experiências artísticas produtivamente frustrantes o Brasil viu nascer um de seus mais expressivos poetas contemporâneos.

 

Foi, portanto, o trabalho poético que ganhou definitivamente o artista Carlos Eduardo Lima Machadoe colheu os frutos de sua passagem por essa variedade de linguagens artísticas sobre as quais a obra do poeta baiano se constrói. Em visita a Florianópolis antes do Carnaval, Duda Machado se reuniu com o multiartista Rodrigo de Haro em um encontro promovido pelo amigo e também poeta, Sérgio Medeiros, diretor da Editora UFSC. Com o objetivo de planejar, em parceria com o Curso de Cinema da UFSC, uma grande mostra de filmes que exploram a questão do inumano, a ser realizada em abril, a pequena confraria dedicou-se a uma longa tarde de revisitação à memória da história cultural brasileira. A empatia entre o poeta catarinense Rodrigo de Haro e o baiano Duda Machado, que ainda não se conheciam, mas compartilharam esses momentos históricos, foi imediata e faiscante como o encontro entre dois velhos amigos.

 

Além de poeta, ensaísta e tradutor, Duda Machado é professor de teoria literária na Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais. Sua primeira obra poética veio em 1977, aos 33 anos, já morando no Rio de Janeiro, sob o sugestivo nome Zil, gíria que significa miscelânea. A segunda, intitulada Crescente, foi publicada somente uma década depois. Em 1997 escreveu Margem de uma onda (1997) e, em parceria com Guto Lacaz, Histórias com poesia, alguns bichos &cia., divertido livro de poemas para crianças. Transitando entre a docência e a produção poética, Duda fala nesta entrevista sobre a relação entre música e poesia e sobre seu último livro, Adivinhação da leveza, pela Azougue Cultural. Aborda ainda, com eloquência, a importância da efervescente Salvador dos anos de 60 e 70 na sua formação e na de outros expressivos artistas nacionais. Conta como esse movimento conseguiu driblar o golpe de 64 e a sociedade conservadora para instaurar na capital baiana um polo de vanguarda na produção cultural para o País.

 

Raquel Wandelli: Teremos algum desdobramento poético desta conversa, além do projeto da I Mostra Internacional do Bestiário no Cinema?

Duda: Não chegamos ainda à mesa de anatomia [risos]. Por enquanto estamos nos divertindo em nossas conversas, evocando diversas situações onde, embora não tenhamos vivido juntos, fomos contemporâneos. O humor prevalece.

Raquel Wandelli: Você é professor, poeta, tradutor. Como se dá a articulação dessas diferentes esferas de atuação na sua produção?

Duda: Seria ilusório dizer que essas atividades se articulam de forma harmoniosa. Em primeiro lugar, porque fazer poesia é algo muito exigente e ainda que possa se tornarcompatível com as outras atividades às vezes torna a relação entre elas muito tensas, sobretudo pela necessidade de concentração.

Raquel Wandelli. A teoria ajuda a atividade poética e vice-versa?

Duda: Aparentemente poderia ajudar, mas assim como as minúcias da realidade concreta costumam dissolver as ideias que fazíamos em relação à própria realidade, as minúcias do ato de compor poemas (e tudo no poema é minúcia, capaz de arrastar consigo aestrutura de composição) dissolvem a possibilidade de uma ligação entre a parte teórica e a prática de escrever.  Em termos intelectuais, não vejo essas atividades como opostas ou capazes de criar antagonismos. A atividade crítica de muitos poetas mostra mais do que compatibilidade, pois expõe certa interação entre crítica e poesia. Mas nem sempre a atividade de escrever crítica se transpõe para a crítica que é inerente ao ato de escrever poemas. Ambas trazem consigo fortes exigências. Muitas vezes, as exigências de escrever crítica com densidade pode se chocar com as exigências mais fortes (quando se é poeta) de compor poesia.

Raquel Wandelli. E essa contradição tem consequências produtivas para o poeta?

Duda. São consequências muito variáveis. Desde momentos de exclusão de uma das atividades, até um convívio precário que tem de ser pacientemente elaborado e mantido. Há momentos em que você queria ter disponibilidade de tempo completa para o poema, mas isso não quer dizer, no entanto, que essa disponibilidade pudesse ser mesmo usada. Essa aspiração pode ser produtiva porque faz você se virar para arrumar tempo.

Raquel Wandelli: Como você vê as possibilidades de explorar as aproximações entre crítica literária, tradução e poesia propriamente dita?

Duda: No caso da tradução, pode-se dizer que traduzir e fazer poemas podem ser apenas variantes. É verdade que não traduzo de modo contínuo há muito tempo, desde que me tornei professor. Traduzir profissionalmente foi algo que fiz para sobreviver, numa época em que fiquei sem emprego. Veja que as traduções de livros que fiz foram sempre de prosa (crítica ou ficção).  As poucas traduções de poemas foram publicadas em revistas ou jornais.Consegui sugerir algumas traduções de livros que foram aceitas e acho que fiz um bom trabalho. Por exemplo, As Cartas Exemplares de Flaubert, o fabuloso Marcel Schowb de Vidas Imaginárias ouO Bom Soldado, de Ford Madox Ford. Mas também fiz muitas sem nenhum prazer.

Raquel Wandelli: Você foi letrista de música, cineasta, poeta, tradutor… Como essa passagem por diferentes linguagens e atividades se expressa no seu trabalho poético?

Duda. Devo muito à música e também à pintura e ao cinema. É bom lembrar que a adesão a cada uma dessas atividades se deu em épocas distintas. Por volta dos 26 anos, eu queria mesmo era ser diretor de cinema, mas percebi que minha praia não era essa.Quando escrevi letras de música não escrevi poemas. Minha proximidade com Torquato Neto, Caetano, Gilberto Gil e a admiração pelo que faziam me levou a fazer letras para JardsMacalé. Mas eram letras para serem cantadas, não para existirem como leitura no papel.Só depois dessapassagem pelo cinema e pela composição de letras de música julguei que poderia começar a escrever poemas, embora soubesse que havia uma grande diferença entre as duas coisas, letra e poesia.

Raquel Wandelli. Você toca algum instrumento?

Duda: Meu pai me obrigou a tocar sanfona, o que me fez muito infeliz durante três anos [risos]. Não toco nenhum instrumento, mas na minha família ouvia-se música o tempo todo.

Raquel Wandelli. A música interfere na sua poesia? De que forma?

Duda.  Não sei responder com clareza a esse respeito. Se você fala do impacto damúsica popular sobre o que escrevo, não consigo ver a relação. É até provável que haja interferência, se penso,por exemplo, na música popular brasileira mais tradicional que ouvi muito quando era adolescente em Salvador.No meu caso, foi diferente, mas quero deixar claro que a convivência entre letrista e poeta pode ser possível e fecunda.  Para falar de um caso especial, Jorge Luís Borges foi contista, poeta e letrista. Quando Borges escreveu suas milongas, se não me engano, já era um poeta consolidado.

Raquel Wandelli: Há uma onda da critica literária que reivindica o específico da poesia e com base nisso procura desfazer o estatuto poético do que se faz em letras de música. O que você pensa sobre essas objeções?

Duda:É preciso ser capaz de reconhecer que letras de músicas podem ser igualadas ao que se considera como o melhor da poesia. Não creio que seja o meu caso. Há evidentemente uma especificidade da poesia, o que não quer dizer que a letra da canção não possa alcançar essa mesma qualidade.

Sergio Medeiros: Há um grupo de poetas e críticos aos quais se alistam Régis Bonvicino, Nelson Acher, Paulo Franchetti para quem no Brasil os poetas foram subestimados em relação a Caetano, Gil, Chico Buarque, Arnaldo Antunes.

Duda. Se não me engano, João Cabral disse que havia toda uma dimensão da lírica que deveria ser deixada de lado, pois a canção popular era suficiente para isso.É uma discussão que volta e meia vem à tona. A questão se complica porque no Brasil a música popular é bem sucedida, tem um grande público e a poesia não. Nem a atual, nem a de qualquer outra época. Parece que houve um momento de valorização das obras de Caetano, Gil, Chico Buarque que levou a uma equivocada comparação com vantagem sobre a poesia daquele momento. Mas nada de definitivo, claro e consistente pode se dizer sobre essas relações. Por isso nunca me detive nesse papo reativo, nessa competição numa pista inexistente. Há algo de ressentido no fato de poetas estarem dando notas a músicos-letristas brasileiros.

Raquel Wandelli: E há por outro lado também os que criticam alguns músicos por fazerem composições que privilegiam a palavra literária e não a música, usando como exemplo parte da obra de Chico Buarque…

Rodrigo de Haro: Mas a natureza do madrigal já se faz dessa literalização da música. Ou seja, ela também está na gênese da poesia. Os sonetos de Shakespeare, por exemplo, foram escritos para serem cantados.

Duda: Música e poesia podem se interpenetrar. O registro da letra é outro, afetado pela música da canção. O que não tem sentido é fazer uma sistema de hierarquizações. Afora isso, há as complicações da produção que dirige apenas para o consumo.

Sérgio Medeiros: Os poetas chineses faziam letras que o rei musicava, por exemplo…

Duda:Esse exemplo ajuda a demonstrar que se trata de processos de produção diferentes, que podem ser integrados em determinadas tradições e contextos culturais. Acho muito pobre essa mania brasileira de definir o que e o que não é melhor entre poesia e letra de canção.

Rodrigo de Haro: A poesia é irrefutável.

Sérgio Medeiros: Essa frase diz tudo. A poesia, não importa se aparece em música ou na escrita, é irrefutável.

Duda: É isso! Nossa época implodiu a concepção do poético, que pode estar em qualquer lugar.

Raquel Wandelli. Você gostaria que um poema seu fosse musicado?

Duda: Não gostaria de maneira nenhuma [risos].

Raquel Wandelli. O que você diria sobre o seu último lançamento, Adivinhação da leveza, pela Azougue Cultural em relação ao conjunto de sua obra?

Duda. Adivinhação da leveza é um verso que concluiu um poema em torno da persistência e das modificações do passado. Acho um livro com diferenças decisivas em relação ao anterior, Margem de uma onda. O primeiro marco diferencial é que a maior parte dos poemas está concentrada no tópico da memória, como se os fossem compondo uma espécie de poema único. Para chegar a eles, o tempo se impôs e, com ele, a memória.

Raquel Wandelli: De que modo o passado se torna matéria-prima da sua poesia?

Duda: Implicitamente. O poeta trabalha de todos os modos e sempre. Ao escrever, está sempre dentro de uma combinação de memória (pessoal, de poemas de outros) e de certa invenção que se exerce sobre estas memórias.

Raquel Wandelli. Você viveu uma polisdiversidade, por assim dizer: nasceu na Bahia, morou no Rio de Janeiro, agora leciona em Ouro Preto. Como a memória das cidades aparece em sua poesia e qual é o lugar de Salvador?

Duda. Sempre misturo as cidades na memória poética, mas Salvador é primeiríssima. Fica na lembrança por causa da infância e da formação na juventude. Na minha juventude, Salvador possuía umaextrema vivacidade cultural. Aquelasimultaneidadede música, pintura, dança, arte experimental formou toda uma geração [entre eles Glauber Rocha, Caetano Veloso, Waly Salomão, João Ubaldo Ribeiro, Rogério Duarte, Roberto Pinho, José Carlos Capinan, Gilberto Gil, Carlos Nelson Coutinho e o próprio Duda Machado]. Naquele lugar pequeninodo mundo tudo que havia de mais arrojado na arte estava à disposição do público, como ouvir John Cage na sala de concertos da Reitoria ou assistir às produções teatrais de qualidade que Martim Gonçalves e Luís Carlos Maciel dirigiram na Escola de Teatro.

Raquel Wandelli. Como começou essa avant-garde baiana?

Duda: Trata-se de uma história bem conhecida que se deveu à iniciativa de um reitor (o primeiro reitor e fundador da UFBA) chamado Edgar Santos que criou na Bahia um poderoso polo de produção artística. Ele trouxe o compositor erudito de vanguarda, maestro, flautista e crítico de arte Hans-Joachim Koellreutter para dirigir a Escola de Música e os Seminários Livres de Música em Salvador que ele concebeu. Trouxe o ensaísta português Agostinho da Silva, que criou o Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao); a polonesa YankaRudzka, diretora da Escola de Dança e o cenógrafo. Trouxe do Rio de Janeiro o diretor de teatro Martins Gonçalves para dirigir a maravilhosa Escola de Teatro. E ainda o arquiteto [como fazia questão de ser chamada] Lina Bo Bardi, uma italiana com concepção inovadora sobre o museu e as artes populares, que estava à frente do Museu de Arte Moderna da Bahia. Lina, se não me falha a memória, ajudou a fundar uma espécie de cinemateca muito ativa onde eram exibidos os grandes filmes europeus e americanos. Glauber, Caetano, Gil, Tom Zé, por exemplo, como eles próprios já disseram, descendem desse ambiente único.

Raquel Wandelli. Pode-se dizer que durante os 15 anos à frente da reitoria da Federal da Bahia ele abriu as portas e caminhos para um renascimento multicultural que se expandiu para São Paulo e Rio e gerou o Cinema Novo e a Tropicália…

Duda.Sim, foi aí que esses artistas se formaram para depois fundarem ou se incorporem aos movimentos de que você fala.

Raquel Wandelli. E como Edgar Santos se segurou com a perseguição aos artistas e aos intelectuais nas universidades pela Ditadura Militar?

Duda. Edgar Santos não foi cassado ou coisa semelhante. Perdeu o cargo de reitor em 1961, quando Jânio Quadros escolheu outro nome da lista tríplice que era enviada ao presidente da República. Edgar foi para o Rio e faleceu no ano seguinte.

Lembro-me de uma coisa curiosa. Eu era estudante de Ciências Sociais na Bahia em 1965 e tive como professor Perseu Abramo, que havia sido expulso da Universidade de Brasília. Suponho que deve ter havido alguma negociação com os militares para que ele fosse admitido na UFBA.

Raquel Wandelli: E a sociedade da época apoiava o seu trabalho?

Duda.Muita gente era contraEdgarna época. Isso dentro e fora da universidade. Queriam a sua cabeça e da sua equipe, “aqueles malucos” que “traziam veados pra Bahia”, como se dizia nos lares e nas ruas de Salvador.

Raquel Wandelli. Voltando a sua obra, você parece experimentar várias propostas estéticas sem se confundir com nenhuma delas… Você acha que conseguiu criar um caminho próprio?

Duda: Acho que posso falar de meu primeiro livro,Zil, como exemplar dessa minha orientação. Em Zil, fiz alguns poemas concretos e construções visuais. Mas não se trata de uma simples adesão à poesia concreta, pois o verso predomina. Sempre achei que a tendência da hora tinha que ser a minha [risos]. Zil é uma gíria queexprime uma variedade de coisas, várias coisas ao mesmo tempo. Minha poesia tem, desde o início, algo de hibrido. Por exemplo, na relação entre lírica e distância da lírica.

Raquel Wandelli: Qual de seus livros mais o agradam?

Duda: Como não poderia deixar de ser, o último. A elaboração do poema pode ser sempre aprimorada, mas tenho apreço especial por Margem de uma onda. Dizem que a última etapa do poeta ou do artista é encontrar dentro de suas próprias marcas estilísticas um modo de dissolver tudo o que ele fez até então.

 

Raquel Wandelli é jornalista na Secretaria de Cultura e Arte da UFSC, professora de Jornalismo na Unisul e doutoranda em teoria literária na UFSC com a tese “Devires do inumano na literatura e na arte”. Publicou pela Editora da UFSC e IOESP Leituras do hipertexto; viagem ao Dicionário Kazar. Assina diversos ensaios publicados em livros, revistas e jornais sobre literatura, cinemae cultura em geral.

 
Raquel Wandelli, jornalista na SeCArte/UFSC
(48) 99110524 e 37218729

Fotografias retratam tradições presentes tanto na Ilha de Santa Catarina quanto no Arquipélago de Açores

05/03/2012 17:58

 De 07 de março a 27 de abril, o Espaço Cultural do Núcleo de Estudos Açorianos apresenta a exposição Ilha Terceira/Ilha de Santa Catarina: Um paralelo iconográfico, com 30 imagens do século passado, aliadas a textos descritivos. As fotos mostram costumes, tradições e o folclore, além de aspectos da arquitetura açoriana presentes tanto na Ilha Terceira, nos Açores, quanto na Ilha de Santa Catarina. A pesquisa e curadoria ficam por conta de Paulo Ricardo Caminha, atual vice-presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Florianópolis

Desde 1988, Paulo Caminha realiza pesquisa e recolha de documentos e imagens da antiga cidade, e hoje possui um importante acervo iconográfico tanto da Ilha de Santa Catarina quanto da Ilha Terceira, nos Açores. Sua coleção é, hoje, o maior acervo fotográfico particular com temática açoriana fora do arquipélago português, e um dos mais importantes da cidade de Florianópolis.

O Espaço Cultural do Núcleo de Estudos Açorianos organiza esta exposição no mês de março para comemorar o aniversário da cidade de Florianópolis, mostrando que mesmo com mais de 260 anos da chegada dos açorianos, ainda mantemos uma herança cultural muito forte que nos liga diretamente ao Arquipélago dos Açores. Nesta exposição os visitantes podem comparar imagens da Ilha Terceira com a Ilha de Santa Catarina em aspectos como: festa do divino, arquitetura civil, rural ou militar, cais e portos, artesãos, entre outros.

 

Matheus Moreira Moraes

Estagiário de Comunicação da SeCArte

passaportecultural2@gmail.com

www.secarte.ufsc.br

www.ufsc.br

Informações: 37218729 e 99110524

 

 

SERVIÇO:

O quê: Exposição ILHA TERCEIRA/ILHA DE SANTA CATARINA: Um paralelo iconográfico

Abertura: 06 de março as 19:30 horas

Local: Espaço Cultural do NEA – UFSC

Período: 07de março a 27 de abril de 2012

Visitação: 2ª a 6ª Feira das 9 as 12 e das 14 às 17 horas

Promoção: Universidade Federal de santa Catarina

Secretaria de Cultura e arte

Realização: Núcleo de estudos Açorianos/UFSC

Apoio Cultural: Direcção Regional Comunidades/Presidência Governo Açores

Agecom-UFSC

Informações: Paulo Caminha (048)9919.3886

Joi (48)3721.8605 ou joi@nea.ufsc.br