Qorpus chega a quarta edição com mix de artes

13/03/2012 11:29

(http://qorpus.paginas.ufsc.br/)

Lançada em junho de 2011, a revista de artes on-line “Qorpus” chega encorpada a sua quarta edição.  Diagramada e escrita pelos alunos de Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Catarina, sob a coordenação e edição da professora Dirce Waltrick do Amarante, “Qorpus” objetiva estimular o exercício da escrita crítica e dramatúrgica. Nesta edição do jornal, cinema, literatura, performance e teatro caminham lado a lado e dialogam estreitamente.
Destaca-se, nesta edição, o ensaio de Werner Heidermann sobre a tradução do texto dramático, na janela “Como é”. Segundo Heidermann, podemos comparar o texto dramático a uma partitura, a qual só pode ser interpretada e “desdobrar seu potencial” na hora da realização pelos “instrumentos” previstos na partitura. Ainda nessa janela, o leitor encontrará duas resenhas de filmes: Alexandre Fernandez Vaz fala sobre a produção nacional mais recente, comentando “O palhaço” (2011), o premiado filme do diretor e ator Selton Mello; e Aurora Bernardini traz à cena o cinema francês contemporâneo, dando destaque ao filme “Tomboy”, dirigido por Céline Sciamma.
Na janela “Como é”, Marina Veshagem conta um pouco de sua experiência com o grupo teatral colombiano “Luz de Luna”, através de um vídeo-documentário de sua autoria. Márcio Cabral fala sobre a peça “Oxigênio”, da Companhia de Teatro de Curitiba, apresentada no final do ano passado na UFSC. Angélica Mahfuz traz uma breve reflexão sobre o teatro contemporâneo e Giovana Ursini analisa o conto “Um artista da fome”, de Franz Kafka. Por fim, um ensaio de Dirce Waltrick do Amarante sobre o teatro infantil contemporâneo.
Em “Teatro na praia”, Sérgio Medeiros fala sobre a cantora e performer Cathy Berberian. Alunos da disciplina “Adaptação, citação e tradução: teatro, cinema e literatura”, da UFSC, apresentam uma adaptação em vídeo do romance “O Senhor Valéry”, do escritor angolano Gonçalo M. Tavares. Ângela Victoriano e Guilherme Oliveira discutem o processo de montagem de “Clowns”, dirigido por Priscila Genara — o espetáculo reestreia em março no campus da UFSC.
Na janela “Teatro na Praia”, o leitor poderá apreciar um fragmento de “Com que se pode jogar”, último livro de Luci Collin, além de uma crônica de Priscila Andreza de Souza e de um fragmento das aventuras do famigerado herói Pantagruel, de François Rabelais, na tradução de Clélia Mello. Clélia Mello lê também dois poemas do livro “Espelho dos Melodramas”, de Rodrigo de Haro, integrantes dos dois volumes inéditos do conjunto Poemas, que o artista lança pela Editora UFSC no dia 15 de março, às 20 horas, no Espaço Cultural Coisas de Maria João, em Santo Antônio de Lisboa, ao lado da obra, Arcabouços 2007, de Pedro Garcia. A mesma janela traz a tradução de um fragmento do escritor Ivan Goll, por Maria Aparecida Barbosa.
Outro destaque desta edição é a publicação, na janela “… à procura de um autor”, de uma entrevista com o diretor do teatro de la Huchette, casa tradicional de Paris. A peça “A cantora careca”, do dramaturgo franco-romeno Eugène Ionesco, está em cartaz nesse teatro desde 1957, sem interrupção. Dois atores da troupe do teatro de la Huchette também participam da entrevista.
Ainda em “…à procura de um autor”, Raquel Wandelli entrevista o multiartista Rodrigo De Haro e o poeta Duda Machado, parceiro de Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros compositores brasileiros. Além de poeta, ensaísta e tradutor, Duda Machado é professor de teoria literária na Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais. Diz Rodrigo na entrevista:  “Sim, uma certa tradição hermética me fecunda. Acredito que os valores do sagrado e só eles poderão salvar o mundo. É preciso reencantar o mundo através do apelo ao silêncio e também a outros ritmos compatíveis com a expansão do ser. O ético e o social devem expandir-se sem coerção, sem decretos, mas segundo o desabrochar da consciência de cada homem: pois todos sabemos de nossos deveres, todos podemos comunicar da mesma alegria. Basta abrir a porta”.
Transitando entre a docência e a produção poética, Duda Machado, por sua vez, fala na entrevista sobre a relação entre música e poesia e sobre seu último livro, Adivinhação da leveza, pela Azougue Cultural. Aborda ainda, com eloquência, a importância da efervescente Salvador dos anos de 60 e 70 na sua formação e na de outros expressivos artistas nacionais. Conta como esse movimento conseguiu driblar o golpe de 64 e a sociedade conservadora para instaurar na capital baiana um polo de vanguarda na produção cultural para o País.
Na “Agenda Cultural”, convite para conhecer o site da performer e dançarina de butoh Emilie Sugai. A revista pode ser lida no link: http://qorpus.paginas.ufsc.br/2012/03/11/editorial-n-004-11032012/, atendendo aos apelos da campanha “universidade sem papel. “Além de estreitar o diálogo entre os alunos, estamos com essa publicação propiciando-lhes o desenvolvimento criativo e reflexivo de temas comuns”, explica a editora Dirce. Cada edição conta com a colaboração de artistas de carreira consolidada, mas principalmente de professores convidados, visando ampliar o entrosamento entre as pesquisas docentes e discentes, acrescenta a professora do Curso de Artes Cênicas e tradutora da obra de James Joyce, entre outros.
Informações: Dirce Waltrick do Amarante
37218729 e 99110524