Fortalezas da Ilha de Santa Catarina serão restauradas

23/01/2020 11:58

Ordem de serviço foi assinada na Fortaleza de São José da Ponta Grossa

As fortalezas de São José da Ponta Grossa e Santo Antônio de Ratones passarão por obras de restauração e requalificação. As edificações e os entornos das fortalezas geridas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) receberão melhorias estruturais, que incluem restauro de telhados, rede hidráulica, instalações elétricas, pinturas e iluminação, e trabalhos voltados à acessibilidade, ao paisagismo, à sinalização e à expografia. Também será elaborado um plano de negócios para as fortificações de Santo Antônio de Ratones e Anhatomirim, candidatas a patrimônio mundial.

A ordem de serviço, que marca a autorização para o início dos trabalhos, foi assinada na quarta-feira, 22 de janeiro, em cerimônia na Fortaleza de São José da Ponta Grossa, na Praia do Forte. Os projetos foram contratados e serão executados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).  As obras são custeadas pelo Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, com investimento de cerca de R$ 12 milhões. Adicionalmente, o senador Espiridião Amin (PP/SC) destinou R$ 800 mil em emendas parlamentares à restauração das fortalezas.

A partir da assinatura, a empresa Biapó, contratada para a realização da obra, tem 15 dias para dar início ao trabalho, que tem duração prevista de dois anos. Durante todo o período, as fortalezas serão mantidas abertas para visitação. “Partes das edificações eventualmente podem ficar inacessíveis para os visitantes. Mas serão disponibilizados materiais informativos da própria obra, que também se tornam atrativos para a visitação, com informações do que está sendo feito e de como ficarão os espaços”, explica Roberto Tonera, chefe da Divisão de Restauração da Coordenadoria das Fortalezas da Ilha de Santa Catarina.

Durante a solenidade, a superintendente do Iphan em Santa Catarina, Liliane Nizzola, destacou a importância do trabalho conjunto e das parcerias para a restauração das fortalezas: “Este dia hoje só é possível porque muitas mãos se uniram para a gente conseguir iniciar essas obras tão importantes para a nossa cidade, o nosso estado, o nosso país e, quiçá, até para fora do nosso país”. Conforme salientou o presidente interino do Iphan, Robson Antônio de Almeida, as fortalezas têm um potencial muito grande a ser alcançado. “Por isso buscamos a requalificação física desses espaços, trazer a qualidade para quem vive na cidade, a qualidade para quem visita, principalmente na questão da acessibilidade e da informação. E além disso, com o plano de negócios, a gente vai poder ver com mais profundidade quais são as possibilidades desses equipamentos”, afirmou ele. “Vamos dar a esses lugares a qualidade que merecem”,  complementou.

“As fortalezas são mais que belos lugares entre outros belos lugares de Santa Catarina. Elas são um patrimônio cultural que hoje é mantido e guardado pela nossa universidade”, enfatizou a secretária de Cultura e Arte da UFSC, Maria de Lourdes Alves Borges, que representou o reitor Ubaldo Cesar Balthazar no evento. “As obras agora contratadas serão fundamentais para sua preservação e revitalização, bem como para o sucesso da candidatura junto à Unesco”, afirmou a coordenadora das Fortalezas da Ilha de Santa Catarina, Geisa Pereira Garcia.

Fortaleza de São José da Ponta Grossa

Fortaleza de São José da Ponta Grossa se localiza na Praia do Forte

A Fortaleza de São José da Ponta Grossa foi construída a partir de 1740, como parte de um triângulo defensivo de proteção da Barra Norte da Ilha de Santa Catarina, sistema que contava ainda com as fortalezas de Santa Cruz de Anhatomirim e Santo Antônio de Ratones, todas projetadas pelo engenheiro militar português Brigadeiro José da Silva Paes. O conjunto defensivo da Ponta Grossa foi complementado pela Bateria de São Caetano (hoje em ruínas), construída a partir de 1765, para defender o flanco leste da fortaleza.

A partir de 1976, por iniciativa do Iphan, a Fortaleza de São José da Ponta Grossa começou a receber intervenções de limpeza da vegetação e consolidação emergencial de seus edifícios arruinados, com vistas a garantir a sobrevida do monumento até a realização dos futuros trabalhos de restauração. Em 1977, foram realizadas obras de consolidação de emergência em alguns trechos de muralhas, na Casa do Comandante e na Portada, bem como a restauração parcial da Capela.

Em 1987, ao ser cadastrado como sítio arqueológico protegido por lei federal, foram realizados os primeiros trabalhos de prospecção arqueológica no local por técnicos do Iphan/Fundação Pró-Memória, e que tiveram sequência entre 1989 e 1991, com a equipe do Museu Universitário da UFSC. A efetiva restauração da fortaleza viria a ocorrer em 1991 e 1992, no âmbito do “Projeto Fortalezas da Ilha de Santa Catarina – 250 anos na História Brasileira”, uma iniciativa capitaneada pela UFSC e pelo Iphan, com recursos de cerca de um milhão de dólares da Fundação Banco do Brasil. Após a restauração, o Quartel da Tropa passou a ser ocupado pelas artesãs da renda de bilro da comunidade local.

Inicialmente sob a jurisdição do Exército Brasileiro, a fortaleza de São José da Ponta Grossa está hoje cedida pela União à Universidade, que a gerencia e mantém desde 1991, juntamente com as fortalezas de Anhatomirim e Santo Antônio de Ratones.

Fortaleza de Santo Antônio de Ratones

A Fortaleza de Santo Antônio de Ratones foi construída e tombada nas mesmas datas de Ponta Grossa, e igualmente abandonada e em ruínas durante décadas. Após ações emergenciais de limpeza e conservação realizadas em 1962, 1983 e 1984, e após trabalhos pontuais de pesquisa arqueológica realizados entre 1989 e 1990, foi também efetivamente restaurada em 1990 e 1991, no âmbito do “Projeto Fortalezas”, passando, desde então, a ser também administrada pela UFSC.

Mais recentemente, entre 2016 e 2017, a Universidade realizou obras de conservação nessa e em suas outras duas fortalezas, efetuando a substituição integral das esquadrias (portas e janelas) de todos os edifícios, e, em 2018, realizou a recuperação das coberturas de todos os edifícios desta fortificação e de cinco construções da Fortaleza de Anhatomirim, num total de cerca de R$ 1,2 milhão de recursos próprios investidos pela UFSC.

Mais informações sobre as três fortalezas podem ser obtidas em https://fortalezas.ufsc.br.

Camila Raposo/Jornalista da Agecom/UFSC
Fotos: Henrique Almeida/Agecom

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