Cine Paredão apresenta “Mostra Beatitude” no mês de fevereiro
Muito além, e até ao contrário, do mito erigido sobre a Geração Beat, e especialmente em torno de seus arautos — os livros “Howl” (1956) de Allen Ginsberg, “On the Road” (1957) de Jack Kerouac e “Naked Lunch” (1959) de William S. Burroughs — mais do que uma mensagem de esperança trazem em si na realidade desilusão, fato que passa despercebido por todo o “hype”.
Filhos da Era das Catástrofes, das guerras quente, fria e morna, da bomba atômica e do jazz, bebop e rock, os Beats surgem como herança de Nietzsche, Dostoiévski e Spengler em um anti-american-dream — resposta espiritual crítica ao desenvolvimento material da civilização moderna, e previsão do ocaso ocidental.
Os Beats são reflexo da crescente novidade da época, a “delinquência juvenil”, e não o inverso, como divulgado; são a expressão dos jovens (de todas as idades), nunca antes atendida pela história. Alvos de anedotas nas seguintes décadas, mal compreendidos tanto por quem os idolatrava quanto por quem os ridicularizava, a grande ironia foi inspirarem toda a contracultura dos anos 1950 para cá. O termo beat, segundo Kerouac, vem da brincadeira, e ambiguidade, com a gíria corrente para batido, quebrado, cansado, falido e, entretanto, pressupõe também o radical de beatitude, do ritmo da alma perante uma visão beatífica. A viagem física, no fim, é apenas para acompanhar a viagem da mente, e abarcar a expansão da consciência.
Portanto, sejamos imaculadamente iluminados e, independente dos caminhos, em cada passo nos trilhos dessa vida, pensemos em Jack Kerouac.. eu sempre penso em Jack, e o que-ro-a-qui ..!
A mostra será online, divulgada por meio do Instagram e Facebook do Cine Paredão.
Programação:
04 a 10/02 – Kill Your Darlings (2013), de John Krokidas
11 a 17/02 – William S. Burroughs: A Man Within (2010), de Yony Leyser
18 a 24/02 – Big Sur (2013), de Michael Polish
25/02 a 03/03 – Howl (2010), de Rob Epstein & Jeffrey Friedman
