Areia na água e desapego no coração: a mística da mandalaDALA

07/06/2011 17:29

Mais do que um ato formal, o término da II Semana de Cultura e Arte Tibetana na UFSC no final de semana foi um momento de ternura e espiritualidade.  Por volta de 17 horas de sábado, sob o olhar concorrido e emocionado de uma pequena multidão, dois monges do monastério Namgal, de Sua Santidade Dalai Lama, em Nova York, iniciaram o ritual de desmanche da mandala que o público levou nove dias para confeccionar no Hall da Reitoria. A cerimônia encerrou com delicado misticismo uma semana de debates, cursos, palestras, exibição de filmes, exposições fotográficas, arte e culinária que atraiu mais de mil pessoas à UFSC para um mergulho intenso na cultura do Tibete.
Disposta sobre uma mesa no Hall da Reitoria da UFSC, a mandala significava para os presentes a sensação de paz e harmonia que gerou no trabalho coletivo de compô-la. A cerimônia de desmonte é, na filosofia budista, um exercício de desapego em que a arte dá uma lição de vida sobre a impermanência dos seres e das coisas. Nada nos pertence nesta vida, ensina a figura. Com paciência tibetana, mas sem o mesmo vagar que o público levou para construí-la, montículo, por montículo, o monge foi varrendo com as mãos as faixas de areia colorida.
Como se as pessoas entrassem em um ciclo do não-tempo, a bela e efêmera arquitetura de areia foi aos poucos desaparecendo dos olhos dos congressistas muitos deles rasos de água. Depois de recolher a areia em um vidro, o lama entoou suas preces e a multidão o seguiu até o lago do Convivência, onde lançou a poeira na água junto com pétalas de flores. Cada grãozinho de areia que caiu no lago representava um passo no desapego às coisas materiais e a entrada no mundo interior da espiritualidade em alusão ao fato de que tudo que construímos e trabalhamos um dia termina. Quem assistiu pôde levar consigo uma pequena porção da areia energizada, para guardar um pouco do significado simbólico ancestral dessa arte.
Um debate com os jornalistas brasileiros que estiveram no Tibete, Luís Pelegrini, Artur Ortiz e Haroldo Costa, encerrou às 22h30min a Semana. Cerca de 80 pessoas – média de participantes do ciclo de palestras que aconteceu no auditório da UFSC – ouviram os relatos sobre as experiências vividas pelos três jornalistas em viagens realizadas como desafio pessoal e também como missão de vida ao Tibete. Uma das mais curiosas delas foi a do jornalista Airton Ortiz, criador do gênero jornalismo de aventura, que entrou na região com a ajuda da resistência tibetana e ajudou a viabilizar a saída de um lama do budismo do Tibete que corria riscos: Urgyen Trinley Thaye Dorje, a 17ª. Reencarnação do Karmapa Lama e terceiro nome dentro da estrutura hierárquica do budismo tibetano. A história pode ser conferida no livro Pelos Caminhos do Tibete, editado pela Record. Haroldo relatou suas experiência, mostrando um álbum de fotos memoráveis tiradas no Tibete e Pelegrini emocionou o público relatando detalhes de seus encontros com Dalay Lama (em Dharamsala, Índia).

O encontro ajudou a fortalecer o afeto e a solidariedade à causa desse povo e a divulgar os elementos da cultura, da sabedoria e do misticismo do Tibete, segundo a coordenadora geral, Cerys Tramontini. A Semana foi promovida de 27 de maio a 4 de junho pelo Centro de Cultura Tibetana (CCT) com apoio da Secretaria de Cultura e Arte da UFSC
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A cobertura completa da II Semana de Cultura e Arte Tibetana encontra-se no www.semanatibetana.com.br

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Raquel Wandelli
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