Semana da Dança UFSC: a força e a luta do movimento Vogue

17/11/2020 10:51

William Sorceress – Foto: divulgação

Modalidade de dança criada em 1940 será tema de conversa e prática artística proposta na sexta Semana da Dança UFSC, que ocorre até 22 de novembro em formato digital. Inscrições são limitadas e gratuitas 

“Strike a pose”! Quem nunca dançou a música da cantora Madonna em frente ao espelho nos anos 1990? Década que o estilo “Vogue” ficou conhecido no mundo todo, pipocou nas referências de moda, nas poses performadas, no universo das supermodelos e na gestualidade gay. Sucesso à parte, a dança vem de muitos anos antes e tem sua origem creditada a uma cultura de resistência chamada de BallRoom.

Foi em 1940 que a expressão corporal surgiu dentro do presídio Rikers Island, uma penitenciária do Harlem, localizada em Nova York (EUA). “O único entretenimento disponível voltado para o público LGBTQIA+ eram as revistas Vogue, assim se inspirando nas imagens, imitar as poses tornou-se o lazer daquelas pessoas. A cultura e a dança evoluíram ao longo dos anos e cada década tem sua marca”, conta William Sorceress, um dos fundadores do projeto House of Sorceress de Florianópolis(SC), confirmado na 6ª Semana da Dança UFSC, que ocorre de 16 a 22 de novembro em formato digital.

Em 1960 o Vogue ganhou força com o pioneirismo de Crystal Labeija, mulher trans de Manhattan, negra e drag queen que criou a House of LaBeija, em 1977. “Nos anos 70 os bailes se destacavam pelas performances e competições de dança e estilo, sendo a maioria do público da comunidade preta e latina. Ao fim dos anos 80 com a propagação do estilo de dança é marcado um novo caminho com propostas de movimentações como o surgimento do New Way. Em 90 a grande mídia já difundia o Vogue, fazendo da dança e da cultura um movimento político cultural mundialmente reconhecido”, explica o artista.

Trajetória Vogue

William começou seu estudo de maneira autodidata em 2013. Ficou fascinado e buscou aprimoramento e técnica. Fez aula com Augusto Follmann, uma das principais referências nacionais, dedicou tempo à pesquisa sobre a modalidade até que fundou com mais 13 integrantes o House of Sorceress, em 2018.

“Em Florianópolis sou o primeiro professor de Vogue das escolas onde dou aula. Assim como a cena Ballroom local, o vogue enquanto modalidade é recente. Ainda existe muita confusão acerca do que é e o que não é o Vogue, mas desde de 2016 é notório o crescimento da inserção nas grades de aulas regulares, sobretudo nos grandes centros do país. Mas este é o processo”, complementa.

Oficinas

A oficina prática é dividida em dois momentos, no dia 21 de novembro. Às 15 horas, com o tema “Poses: caminhos para a nova e a antiga forma do Vogue”, com Izhy Sorceress e Will Sorceress. Às 16h30, na prática “Os 5 elementos do Vogue Femme”, com Izhy Sorceress, All Sorceress

O Vogue possui três vertentes: Old Way, New Way e Vogue Femme. O Old Way, inicialmente chamado de “Pop, Spin and Dip”, foi a primeira manifestação do estilo e tem como referência as poses de revista, hieróglifos egípcios, militarismo e artes marciais. As outras duas vertentes se desenvolvem a partir do Old Way. Já o Vogue Femme nasce no corpo das Femme Queens, mulheres trans e travestis que performavam o Pop, Spin and Dip de maneira mais sinuosa com grande valorização do corpo. O New Way utiliza parte do “Old Way” , porém propõe novos caminhos através da flexibilidade corporal.

O Vogue Femme flui através de cinco elementos bases: Cat Walk, Duck Walk, Hands Performance, Floor Performance e Spin and Dip. “São como caminhos guias para a performance e não como limitadores”, diferencia o artista. As inscrições são gratuitas, limitadas e podem ser feitas no site www.semanadadancaufsc.com

Vivências e conversas

Além das oficinas, o projeto abre Roda de Conversa dia 18 de novembro, às 21h, sobre “Vivência Trans e Cultura Ballroom” com Deca Sorceress, Allui Sorceress e Zara Sorceress.

“No bate-papo sobre Vivência Trans bailarina e coreógrafa, travesti transformista Allui Valles, 26 anos, Deca Cassettari, 27 anos, multiartista, travesti transfeminina e Zara Dobura, 23 anos, transativista, atriz e bailarina, abordarão assuntos como os desafios de corpes trans na sociedade, transfobia e relatos pessoais sobre transição de gênero e o suporte do SUS”,  explica William.

Dia 19 de novembro, às 21h, o assunto será sobre “Vivência Preta e Cultura Ballroom” com Izhy Sorceress e Keygodd Sorceress. E fecha a trilogia de papos no dia 20 de novembro, às 21h, com “Vivência Gorda e Cultura Ballroom” com Ednei Brito. As inscrições são gratuitas e limitadas.

Semana da Dança UFSC

A 6ª edição da Semana da Dança UFSC – faz parte da celebração de 60 anos da UFSC – é realizada pela Secretaria de Cultura e Arte da UFSC e Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU). Tem apoio da TV UFSC, emissora onde serão transmitidos os espetáculos e vídeos-dança. E ainda parceria de conteúdo com o projeto Midiateca da Dança. A agenda de oficinas, cursos, debates e imersões artísticas ocorrerá nas plataformas do Zoom e Google Meet. E as lives e espetáculos ficarão concentrados no canal da semana da dança no YouTube.

O projeto é realizado pelo Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), com recursos do Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura ⁄ Artes – Edição 2019.

Serviço:

O quê: Semana da Dança UFSC
Quando: 16 a 22 de novembro
Onde: YouTube – Semana da Dança UFSC
Redes sociais: facebook.com/semanadadancaufsc | instagram.com/semanadadancaufsc
Site: semanadadancaufsc.com
E-mail: semanadancaufsc@gmail.com

Tags: ArteCulturaDançaSemana da Dança UFSCUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina