Professor da UFSC publica verbete sobre literatura fantástica brasileira em livro do Itamaraty

18/08/2023 14:20

Ilustração de Rodrigo Rosa para o verbete

O professor de literatura da UFSC Daniel Serravalle de Sá (DLLE) publicou um verbete sobre literatura fantástica brasileira no livro Glossário da Literatura Brasileira para Leitores Estrangeiros (2023), cuja proposta é ser uma fonte acessível e confiável para consultas, pesquisas e situações de ensino-aprendizagem.

Abordando autores, personagens e temas fundamentais da cultura brasileira, o Glossário apresenta 40 verbetes, cada qual refletindo diferentes aspectos de nosso sistema literário, tornando-se uma ferramenta pedagógica para auxiliar no ensino de língua portuguesa e de literatura brasileira no exterior.

Em seu texto intitulado “Literatura fantástica brasileira”, o professor Daniel Serravalle de Sá argumenta que a literatura brasileira recebe da cultura popular uma tradição riquíssima de contos folclóricos, lendas misteriosas, superstições religiosas e cancioneiros místicos. Tais manifestações são um produto singular das diferentes culturas que formaram a nação, “um campo de trocas entre a mitologia indígena, a matriz africana e a cultura europeia, constituindo um imaginário coletivo que foi propagado entre os brasileiros na forma de ‘causos’ sertanejos e caboclos, contados à noite nas varandas e nos terreiros, à luz do lampião ou da Lua”, diz o professor.

Todavia, ele argumenta, que “apesar dessa herança folclórica tão fecunda, na qual elementos fantásticos desempenham um papel central, a historiografia nacional tende a favorecer obras literárias que privilegiam as descrições das realidades da vida em detrimento dos voos da imaginação.” E explica que, em parte, isso se deve ao fato de o Brasil ter sido colônia, de modo que, “os textos que são considerados exemplares da cultura brasileira consistem em obras que, na maior parte das vezes, tendem a enfatizar questões político-sociais e/ou promover uma vida cultural mais pujante. Por conseguinte, criaram-se pré-julgamentos sobre as narrativas fantásticas, as quais ficaram associadas às manifestações populares, arcaicas e rurais.”

A historiografia literária relegou o fantástico à condição de subliteratura, explica o professor, influenciando a forma como era estudada e até mesmo produzida, de forma que se tornou quase um lugar-comum afirmar que as narrativas fantásticas são raras no Brasil. Não obstante, ele conclui “não é que a literatura brasileira seja pouco dada às abstrações, trata-se de uma questão de perspectiva crítica, ou seja, de como o cânone nacional foi organizado”. O verbete apresenta diversos exemplos de como o fantástico sempre fez parte da literatura nacional.

A publicação é uma iniciativa da rede de ensino do Ministério das Relações Exterior (MRE), popularmente chamado de Itamaraty, e da Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG). Organizado pelos professores da Universidade de Brasília (UnB), Alexandre Pilati e Bárbara Pessoa, o Glossário da Literatura Brasileira para Leitores Estrangeiros visa promover a cultura brasileira e o ensino da língua portuguesa no exterior. Cada texto vem acompanhado de ilustrações de Rodrigo Rosa.

O livro pode ser baixado gratuitamente.

Texto: Agecom/UFSC

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