Café Pedagógico abordou Arte, Infância e Práticas Educativas em Museus no evento do dia 11 de outubro.

15/10/2013 11:05

palestra “Arte, Infância e Práticas Educativas em Museus” – dia 11/10 – Sala Laranjeiras do Centro de Cultura e Eventos.

A Secretaria de Cultura da UFSC (SeCult) promoveu, no dia 11 de outubro, a palestra “Arte, Infância e Práticas Educativas em Museus”, ministrada pela professora da Unicamp, Ana Angélica Albano.  O evento foi um espaço de discussão sobre os papéis dos professores e responsáveis pelos serviços educativos de museus; as experiências levadas a cabo em pequenos e grandes museus; as propostas educativas para alunos e as parcerias com professores. Cerca de 80 pessoas participaram do evento e puderam refletir sobre a mensagem da palestrante “é necessário enfrentarmos o desafio de atravessar as fronteiras entre a escola, território da palavra e o museu, território da imagem. Proponho uma reflexão sobre o poder da contemplação da imagem como o primeiro passo nesta travessia”.

 Um velho camponês da Calábria, sentado diante de um sarcófago etrusco numa sala vazia do museu romano de Villa Giulia,  desperta a atenção do vigia :  ” O que estará vendo nessa estátua?”, pergunta-se o guarda. E, como não entende, não ousa retirar-se, temendo que de repente aconteça alguma coisa, ali, naquela manhã que começou como todas as outras e acabou sendo diferente. Mas tampouco ousa entrar, contido por inexplicável respeito. Continua na porta olhando o velho. Que, alheio à sua presença, concentra seu olhar no sepulcro, sobre cuja tampa se reclina o casal humano. 

Para Ana Albano, “o espaço entre a escola e o museu é um elo entre um lugar onde se pode vivenciar uma experiência híbrida”

José Luiz Sampedro inicia O Sorriso Etrusco, descrevendo  este momento de contemplação silenciosa e, ao longo da narrativa, vai revelando o impacto provocado por aquela visão, capaz de fazer o velho refletir sobre a vida e como encarar a própria morte: – Os etruscos estavam rindo, estou dizendo. Gozavam até em cima da própria tumba, você não percebeu?…que gente!

Para a professora, o espaço entre a escola e o museu é um elo entre um lugar onde se pode vivenciar uma experiência híbrida. Não basta levar os alunos a uma exposição para atender uma exigência curricular. É preciso, antes, que este tipo de a atividade faça parte do repertório do professor. Que ele, como o velho camponês, já tenha se visto refletido num sorriso etrusco e saiba, portanto, o valor da contemplação de uma imagem, sendo capaz de se emocionar com o vermelho de uma pintura ou com as curvas de uma escultura. É imprescindível, sobretudo, que compreenda que a arte nos fala de coisas que as palavras não dizem, levando-nos para espaços dentro de nós mesmos a que não teríamos acesso de outra maneira.

 Sobre a palestrante

Ana Angélica Albano é licenciada em Desenho e Plástica pela Fundação Armando Álvares Penteado/SP (1972); Mestra em Psicologia da Educação pela Universidade de São Paulo (1983); Especialista em Cinesiologia pelo Instituto Sedes Sapientiae (1990) e Doutora em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (1995). Atualmente é professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP Coordenadora do Grupo de Pesquisa LABORARTE – Laboratório de Estudos sobre Arte, Corpo e Educação, pesquisadora do Focus Group for Creativity in Education, da Fundação Marcelino Botín, Santander/Espanha (desde 2009) e do Imagination and Education Research Group/IERG-Simon Fraser University/Canadá (desde 2003). Implantou e coordenou projetos sociais de Iniciação Artística nas Prefeituras de São Paulo, Santo André e Diadema (de 1983 a 1997). Suas pesquisas estão focadas na observação de Histórias de Iniciação na Arte de Artistas e de Educadores.

 Mais informações:

Fone: (48) 3721 4435

secult@contato.ufsc.br

Texto: Rogéria Couto