Atleta da UFSC disputa campeonato mundial de surf adaptado

07/12/2022 05:00

Foto: Arquivo Pessoal

A atleta Denise Siqueira, servidora técnico-administrativa do departamento de Cultura e Eventos da Secretaria de Cultura, Arte e Esportes da Universidade Federal de Santa Catarina, é a representante da Universidade e do Brasil no Campeonato Mundial de Surfe Adaptado, que ocorre no próximo mês entre os dias 4 a 14 de dezembro em Pismo Beach, Califórnia. Denise é filiada e representante da Federação Catarinense de Surf (Fecasurf) e foi campeã brasileira de sua categoria, o que lhe possibilitou participar da etapa internacional.

Denise iniciou sua trajetória com esportes andando de skate, mas conta que sempre se interessou pelo surf que, por conta da distância que ela morava do litoral, não podia ser praticado. Em 2000, mudou-se para Florianópolis para fazer a graduação na UFSC e passou a praticar o esporte. Após sofrer um acidente causado por um atropelamento enquanto andava na rua, resultando na sua perda de mobilidade, Denise conta que teve problemas de acessibilidade não só para o surf, mas para tudo.

“Não tinha acesso. Ainda não tem”, comenta Denise, ao lembrar de quando começou a praticar o surf e se deparou com as diversas dificuldades de acessibilidade, não apenas nas praias, mas também em todo o percurso realizado por ela para chegar ao litoral. Depois de anos tentando conseguir melhorias nas condições oferecidas para pessoas com deficiência, Denise se tornou uma das figuras responsáveis pela criação do projeto Associação Surf Sem Fronteiras, em 2016, com a proposta de democratizar o acesso ao surf para todas as pessoas de forma inclusiva e gratuita.

Foto: Filipi Del Valle

Entre os dias 15 e 19 de setembro deste ano, Denise participou do Brasileiro de Surf Adaptado, em Pernambuco, e foi campeã na sua categoria. “Nem eu estava acreditando que sairia de lá campeã”, lembra ela, que é uma surfista ainda aprendiz e disputava com competidoras mais experientes. Ainda durante a competição, Denise passava por acompanhamento médico e fisioterapêutico por conta de uma forte inflamação em um dos seus braços, mas foi liberada a participar por conta das condições climáticas que proporcionavam a ela fortalecimento da sua musculatura em razão da temperatura da água.

Nesta nova etapa da competição, as expectativas são grandes para o destaque da atleta em sua categoria, que já é considerada favorita entre os outros competidores. Além da vontade de vencer, Denise afirma que essa é uma oportunidade de absorver conhecimento, técnica e troca de aprendizado. Ela acredita que, em breve, essa experiência possa se transformar em projetos e políticas públicas para fortalecer a prática do surf adaptado no país. “Eu quero trazer experiências e conhecimentos que possam agregar na produção acadêmica científica esportiva”, afirma, sabendo do peso e honra de carregar o nome da Universidade.

No ano passado, o Mundial de Surf Adaptado contou com a participação de 134 surfistas de 24 nações diferentes e bateu o recorde de maior participação feminina desde sua criação. O Surf Adaptado é uma adaptação do Surf convencional, com intuito de proporcionar a pessoas com deficiência  uma experiência similar à prática convencional do esporte, que pode oferecer aos praticantes benefícios físicos, psicomotores, mentais e sociais. A sua disponibilização, entretanto, depende de projetos e de adaptações de materiais, acessibilidade nas orlas e auxílio de outras pessoas.

Matheus Alves/estagiário de Jornalismo da Agecom/UFSC

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