UFSC festeja 59 anos com homenagem aos ‘guardiões’ das fortalezas e espetáculo musical

19/12/2019 12:03

A comemoração do aniversário de 59 anos da UFSC foi marcada por homenagens a pessoas e entidades essenciais à trajetória de êxito da instituição à frente da gestão do conjunto de fortalezas da Ilha de Santa Catarina. Na noite de quarta-feira, dia 18 de dezembro, o auditório Garapuvu do Centro de Cultura e Eventos Reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, no Campus Trindade, em Florianópolis, foi palco para reverência aos “guardiões” da história das fortificações nas últimas quatro décadas. A solenidade, que serviu ainda para o lançamento do selo comemorativo dos 60 anos de criação da Universidade, foi encerrada com um espetáculo musical.

Cerimonialista e chefe de gabinete da Reitoria, Aureo Mafra de Moraes

Ainda na abertura da sessão, o mestre de cerimônias e chefe de gabinete da Reitoria, Aureo Mafra de Moraes, recordou sobre o período em que a Universidade assumiu o compromisso de gerenciar as fortalezas: “uma instituição que tinha, à época, apenas 19 anos. Uma jovem universidade que buscava se consolidar”. Aureo resgatou que, no fim da década de 1970, a UFSC era constituída somente pelo campus de Florianópolis, possuía 45 cursos de graduação e pouco mais de 11 mil estudantes (hoje são cerca de 42 mil em cinco campi). Em seguida, foi apresentado o vídeo “De ruínas a Patrimônio Cultural da Humanidade”, produzido pela Secretaria de Cultura e Arte (SeCArte), Agência de Comunicação (Agecom) e TV UFSC para contar o histórico das fortificações até a candidatura a patrimônio mundial das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

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Coordenadora da CFISC, Geisa Pereira Garcia

Na sequência, a gestora da  Coordenadoria das Fortalezas da Ilha de Santa Catarina (CFISC), Geisa Pereira Garcia, parabenizou a Universidade pelos 59 anos de comprometimento na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, por meio da produção de conhecimento, da prestação de serviços à sociedade e por contribuir para construção de cidadania no país. “Seríamos nós cidadãos completos se não respeitássemos a nossa História? É neste contexto que fica muito evidente os motivos que levaram a Universidade, através do ex-reitor Caspar Erich Stemmer, a assumir a administração desse belíssimo patrimônio histórico do nosso estado, em 21 de novembro de 1979”, disse Geisa.

Stemmer foi reitor da UFSC entre os anos de 1976 e 1980. No ato em que a instituição assumiu a administração da primeira fortaleza, Santa Cruz de Anhatomirim, ele declarou: “Somente depois de sentir o carinho e o interesse que todo o povo florianopolitano dedica a Anhatomirim, é que compreendi que a Universidade não poderia também deixar de dedicar-se de corpo e alma a essa tarefa e nem poderia fugir da missão de administrar, manter e utilizar estas construções históricas, no cenário desta ilha de deslumbrante beleza natural”. A frase, segundo Geisa, ainda hoje inspira a equipe que trabalha no setor.

Secretária de Cultura e Arte, Maria de Lourdes Alves Borges

A secretária de Cultura e Arte, Maria de Lourdes Alves Borges, por sua vez, destacou que cabe à Universidade educar para a arte e para a compreensão da importância de um patrimônio cultural como as fortalezas. A secretária frisou que a UFSC “faz ciência, cultura, arte, música” e rechaçou os recentes ataques sofridos pelas universidades públicas. “Esse ódio não é mais contra esse ou aquele partido ou liderança, mas se amplia para atacar tudo que simboliza os avanços da própria civilização: a Universidade, os direitos, a arte e a cultura”, concluiu.

40 anos de história: 40 homenageados

Homenageados no aniversário da UFSC

A cerimônia da noite desta quarta-feira foi marcada também pelo reconhecimento a 40 pessoas e entidades que tiveram papel fundamental na história dos monumentos. Na presença de secretários especiais, pró-reitores, diretores de Centros de Ensino, diretores administrativos, docentes, técnicos-administrativos da UFSC, autoridades e convidados, o reitor Ubaldo Cesar Balthazar e a vice-reitora Alacoque Lorenzini Erdmann participaram da entrega das homenagens a ex-gestores, servidores, instituições e profissionais externos à Universidade.

Ao falar em nome de todos os homenageados, a professora Maria de Lourdes de Souza compartilhou sua história como pró-reitora de Cultura e Extensão, no período entre 1988 e 1992. Enfermeira de formação, docente e pesquisadora do Centro de Ciências da Saúde (CCS), ela relembrou o aprendizado que teve ao ser incumbida de revitalizar as fortalezas. Confessou saber pouco da história de Santa Catarina ao aceitar a missão e salientou que o projeto só foi possível graças a uma “valorosa aliança” público-privada, militar e civil.

Maria de Lourdes de Souza, pró-reitora de Cultura e Extensão entre 1988 e 1992

Em seu discurso disse que a história é feita de memórias e homens, datas e recordações. “Não poderia deixar de homenagear os mortos. (…) Escolhi entre todos aqueles que tocaram a minha vida com um dom especial, da cultura, da inteligência, do comando, da elegância, da justiça”, afirmou Maria de Lourdes de Souza, antes de citar os nomes de José da Silva Paes [engenheiro e autor do projeto arquitetônico das fortalezas no século XVIII], Carlos Humberto Pederneiras Corrêa [historiador e membro da Academia Catarinense de Letras falecido na Bolívia em 2010], Urano Teixeira da Mata Bacelar [general do Exército Brasileiro morto no Haiti em 2006] e Luiz Carlos Cancellier de Olivo [reitor e professor da UFSC falecido em 2017].

Por fim, em seu pronunciamento, o reitor Ubaldo Cesar Balthazar enfatizou que, além do espaço físico restaurado e devolvido à sociedade, as fortalezas sintetizam a essência de uma universidade pública e revela os seus valores, princípios e a sua vocação. Ele reiterou que, há quase seis décadas, a UFSC ocupa um lugar único e particular, ressaltando que a instituição é a quarta melhor universidade federal do país e uma das melhores da América Latina. “Há 59 anos desenvolvemos pesquisas e investigações que contribuem para tornar a sociedade mais saudável, mais equilibrada, mais consciente, mais crítica – e sem balbúrdia”, asseverou.

Reitor Ubaldo Cesar Balthazar

Balthazar comentou sobre o orgulho em comemorar a data e afirmou que cada técnico, professor e estudante sabe do esforço realizado para atender as demandas sociais. “O que a nação investe na universidade, a universidade devolve à nação”, disse. “Essa jovem senhora de 59 anos em breve será sexagenária, mas com pujança e dinamismo, investindo sempre no ensino, na pesquisa e na extensão – o tripé que a sustenta”, completou.

Música renascentista encerra celebração

Findas as homenagens, uma retrospectiva com imagens dos 60 anos da Universidade foi exibida aos presentes. Ao fim do vídeo, apresentou-se a marca comemorativa do próximo aniversário. O selo traz em sua composição a sigla UFSC, grafada com a mesma tipografia apresentada no brasão oficial da instituição. Aduz, ainda, a expressão “60 anos de excelência | 1960 – 2020”, em referência às seis décadas que a Universidade completará no próximo ano.

Grupo de música medieval e renascentista Cantus Firmus

A noite de celebração terminou com a apresentação do grupo de música medieval e renascentista Cantus Firmus. Criado em 2003, o coletivo nasceu da necessidade de suprir a falta de grupos brasileiros especializados no repertório da música antiga. O Cantus tem como foco principal o vocal e procura, na execução das linhas melódicas e na articulação do texto, a interpretação da música medieval (do período entre 1125 e 1300) e renascentista (de 1400 a 1550).

Em seu concerto, o grupo fica disposto ao redor de uma mesa, montada com frutas e velas acesas – únicas fontes de luz no ambiente. A proposta é reproduzir o cenário em que as canções eram entoadas na época de origem da música ocidental, quando as pessoas cantavam sobre o amor e as batalhas cercadas de comida e bebida. E foi sob essa melodia que remete ao passado que a UFSC encerrou as festividades pelo seu 59º aniversário.

Maykon Oliveira/Jornalista da Agecom/UFSC
Fotos: Ítalo Padilha/Agecom/UFSC

 

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