2ª edição do “Quem faz cem anos ou +” resgatou obras de 18 personalidades, que completam cem anos de nascimento em 2013 – ou mais
O público do “Quem faz cem anos ou mais” teve a oportunidade de aproveitar uma programação diversificada, voltada para a promoção das artes e da cultura, na semana de 9 a 13 de setembro. Nos Auditórios Garapuvu e da Reitoria, obras de 18 personalidades, que completam cem anos de nascimento em 2013 – ou mais – dividiram espaço com apresentações teatrais, musicais, exibições de filmes e palestras. A homenagem ao autor dramático Giovanni Bocaccio abriu a semana do evento.
Leitura dramática da obra de Giovanni Bocaccio no “Quem faz 100 anos ou +”. Foto: Wagner Behr/Agecom/UFSC
PALESTRAS
Giovanni Bocaccio
A palestra, ministrada pelas professoras Roberta Barni e Dóris Natti Cavallari, foi acompanhada de uma leitura dramática da obra do autor em italiano enquanto a tradução em português era projetada. As críticas e interpretações da obra foram feitas durante a leitura.
Considerado o criador da prosa italiana, Bocaccio é autor de “Decameron” (1349-1351), uma coleção de 100 histórias irreverentes e satíricas em que retratava os costumes da sociedade de Florença.
Albet Camus
Professor Nilson A. G. da Silva palestra sobre Camus – foto: Wagner Behr/Agecom/UFSC
Na quarta feira, 11 de setembro, o homenageado da segunda edição do evento foi Albert Camus (Argélia 2013-França 1960), romancista, ensaísta e jornalista argelino. O convidado para ministrar a palestra “O Absurdo e a Revolta na arte e no pensamento de Albert Camus” foi o professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Nilson Adauto Guimarães da Silva. A palestra aconteceu no Auditório da Reitoria da UFSC.
Dois livros de Albert Camus foram pontos principais da fala de Nilson Adauto. O primeiro livro é O Mito de Sísifo e O homem revoltado. O Mito de Sísifo fala sobre como Camus via a vida dos homens.
O palestrante apresentou um vídeo documentário sobre o olhar de Albert Camus. O vídeo Une tragédie du bonheur (em tradução literal Uma tragédia de Felicidade) aborda, sob um ângulo pessoal e sensível, a questão da felicidade e da dimensão trágica da vida, segundo Camus. Nele, o escritor tenta desmistificar a imagem negativa da felicidade, em que não devemos nos culpar por sermos felizes, mesmo com a tristeza ao nosso redor.
“A Sagração da Primavera” – Igor Stravinsky
“A Sagração da Primavera”, balé musical do russo Igor Stravinsky, no “Quem faz 100 anos ou +”. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC
No mesmo dia, no Auditório da Reitoria, o “Quem faz 100 anos ou +” celebrou, , os 100 anos da estreia de “A Sagração da Primavera”, balé musical do russo Igor Stravinsky, com coreografia de Vaslav Nijinsky, que chocou a sociedade francesa na primeira apresentação em 1913, em Paris. A palestrante Vera Lúcia Amaral Torres, professora do Centro de Desportos (CDS) da UFSC, contou a história “peculiar” da obra, a realidade social e cultural na qual foi produzida e o legado do espetáculo para a dança.
A obra narra a trajetória de uma garota marcada para ser entregue à divindade, no auge de um ritual pagão, com o objetivo de conquistar para seu povo uma colheita proveitosa. Seu cenário foi arquitetado pelo artista plástico e arqueologista Nicholas Roerich, e a estreia foi no Théâtre des Champs-Élysées, na capital francesa.
Vera mostrou, ainda, a cena do espetáculo retratada no filme “Coco Chanel & Igor Stravinsky”, além da versão da coreografia feita por Pina Baush, em 1975. “A dança se alimenta do corpo e não da música”, comentou Vera.
Tomie Ohtake
Obra de Tomie Ohtake no “Quem faz 100 anos ou +”. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC
A palestra “Quanto tempo dura um gesto?” Instantâneos da produção de Tomie Ohtake foi promovida na quinta-feira, 12 de setembro, no Auditório da Reitoria, ministrada pelo curador de arte contemporânea Paulo Kiyoshi Abreu Miyada. O objetivo foi homenagear a artista Tomie Ohtake que em novembro estará completando 100 anos.
Miyada contou a trajetória de Tomie no cenário artístico brasileiro, como iniciou o seu trabalho, os estilos que adotou ao longo dos anos e sua importância na arte do país.
Enquanto mostrava fotos de obras e de exposições da Tomie, Paulo dialogou com o público sobre a importância da artista na arte brasileira. Considera esta “um repertório fundamental”. Ele mostrou, ainda, trabalhos de outros artistas contemporâneos como Carla Chaim e o Cildo Meireles.
Rubem Braga
Ana Karla Dubiela é especialista, mestre e doutora em Literatura e autora de livros sobre a vida e obra de Rubem Braga. Foto: Wagner Behr/Agecom/UFSC
Rubem Braga foi tema de palestra no Auditório da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), do dia 12 de setembro. A palestra “Flanando com Rubem Braga entre Rio, Cachoeiro e Paris” homenageia os 100 anos de nascimento do escritor e foi ministrada pela jornalista Ana Karla Dubiela, especialista, mestre e doutora em Literatura e autora de livros sobre a vida e obra de Rubem Braga.
Alternando conversas com o público e leitura de trechos de diversos autores sobre Rubem Braga, a jornalista contou sua história, suas pesquisas e a contemporaneidade dos pensamentos e de algumas crônicas do autor. Também contou curiosidades sobre ele, como seu nome verdadeiro ser Rubem Carvalho, o fato dele nunca ter escrito um romance e de como se definia ser um repórter, não escritor.
A palestrante comentou sobre seus livros “A traição das elegantes pelos pobres homens ricos – uma leitura da crítica socialem Rubem Braga”, “Um coração postiço – a formação da crônica de Rubem Braga”, e destacou sua próxima obra a ser lançada ainda este ano “As cidades de Rubem Braga e W. Benjamin – flanando entre Rio, Cachoeiro e Paris”, em que fez estudos sobre o cronista, quem o influenciou e sua história.
Paul Ricoeur e Soren Kierkegaard
Ricoeur e Kierkegaard foram os temas das palestras do último dia do evento. No Auditório da Reitoria, o Prof. da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Roberto Roque Lauxen, pesquisador da filosofia de Ricoeur, apresentou a palestra “Paul Ricoeur” que teve como tema central o pensamento desenvolvido pelo filósofo francês. Enquanto, na Sala dos Conselhos, o Prof. da Universidade de Brasilia (UnB), Marcio Gimenes de Paula ministrou a palestra Kierkegaard.
TEATRO E MÚSICA
Para os amantes do teatro e da música, a programação do “Quem faz cem anos ou mais” também esteve imperdível. No primeiro dia da programação, o Auditório da Reitoria recebeu o artista Alexandre Dias, que na apresentação musical sobre Ernesto Nazareth narrou a trajetória pessoal e profissional do compositor. Dias apresentou uma emocionante viagem musical pela trajetória de Ernesto Nazareth, celebrando os 100 anos do compositor, se vivo estivesse.
Espetáculo teatral – “Menininha” – Homenagem aos 100 de Vinícius de Morais – Fotos: JLM Produções Artísticas Ltda
Na terça feira, dia 10, o homenageado foi Vinícius de Moraes. O Auditório Garapuvu foi palco do espetáculo teatral infantil “Menininha” que trouxe ao público encenações dos momentos lúdicos da infância embalados por músicas de dois discos do poeta “Arca de Noé 1” e “Arca de Noé 2. Já no auditório da Reitoria, o espetáculo musical ficou por conta do compositor e pianista Alberto Heller, acompanhado da soprano Masami Ganev, que juntos, prestaram homenagem aos 200 anos de Giuseppe Verdi e Richard Wagner. Heller ministrou também uma palestra temática: Wagner, Verdi e a construção romântica da dramaticidade musical.
Os 100 anos de nascimento de Vinicius de Moraes foram duplamente comemorados. Na quarta feira, 11 de setembro, foi apresentado o show musical “A Benção, Vinicius”, reunindo Denise Castro, Wagner Segura, Silvia Beraldo, Lola Damerau, Chico Neis e outros grandes músicos. Focado na bossa nova e nas parcerias de Vinícius de Morais com Tom Jobim, Carlos Lyra e Edu Lobo, o show trouxe músicas importantes deste período como “Arrastão”, “Garota de Ipanema”, “Você e Eu” e “Chega de Saudade”.
Na sexta feira, dia 13, fechando a programação da 2ª edição do “Quem faz cem anos +” Claudio Costa e Artur de Bem dividiram o palco do Auditório da Reitoria, onde apresentaram uma palestra, seguida de uma Roda de Samba sobre os compositores Wilson Baptista e Jamelão, cujos centenários de nascimento são celebrados em 2013.
EXIBIÇÃO DE FILMES
Além desses destaques, a programação da semana esteve repleta de atrações, como exibição pública de filmes. A grande atração ficou por conta da homenagem ao artista plástico catarinense Willy Alfredo Zumblick que faria 100 anos, no dia 26 de setembro. O centenário do pintor tubaronense foi celebrado com a apresentação do documentário “Zumblick na eternidade”, dirigido por Zeca Nunes Pires e produzido pela TVUFSC.
Balanço
O evento deste ano começou na segunda-feira, 09 de setembro, e continuou ao longo da semana registrando um público de mais de 6.000 pessoas que participaram das atividades oferecidas, a exemplo de palestras, exposições e atrações artísticas e culturais. O “Quem faz cem anos ou mais” é um evento institucional idealizado pela Secretaria de Cultura da UFSC e tem como finalidade resgatar a importância de artistas renomados em sua área. A SeCult visa sensibilizar a comunidade universitária e local em relação à importância da cultura por meio da divulgação da obra e da vida de grandes personalidades. A primeira edição foi realizada em 2012.
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Texto: Rogéria Couto – SeCult – rogeria.couto@ufsc.br
