Seminário discute importância de Goethe e Dostoievski no Brasil e no mundo

26/06/2012 20:10

Para ler os clássicos:

Seminário discute importância de
Goethe e Dostoievski no Brasil e no mundo

Goethe e Dostoievski, clássicos incontornáveis da literatura universal que levaram para o romance os grandes dramas humanos. Os dois autores estão no abre-alas de uma série de eventos que iniciam na quinta-feira (28), com o I Seminário de Literatura Mundial. Organizado pela Disciplina de Literatura Ocidental e Departamento de Línguas e Literaturas Estrangeiras com apoio da Secretaria de Cultura, o evento inicia às 10h20, no auditório Henrique Fontes, no Centro de Comunicação e Expressão da Universidade Federal de Santa Catarina.

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FAM 2012 TERMINA COM APOIO DO PÚBLICO

22/06/2012 15:24
Florianópolis respirou cinema durante 8 dias e, para 2013, o festival já está agendado para o período de 14 a 21 de junho

O 16º Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM 2012) será encerrado na noite desta sexta-feira (22) reafirmando sua posição como um dos principais eventos do setor. Durante oito dias, mais de 20 mil pessoas puderam conferir 70 filmes, incluindo estreias nacionais e produções premiadas – somente na Mostra Infanto-juvenil, por exemplo, foram mais de 4 mil crianças.
O evento contou ainda com a participação de personalidades de destaque na cena cinematográfica – caso, por exemplo, dos cineastas Nélson Pereira dos Santos e Cláudio Assis – e abriu espaço para importantes discussões sobre a produção no bloco.

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FITAFloripa faz de Santa Catarina o palco mundial da animação

20/06/2012 15:37

 
O emblemático boneco, símbolo do Festival Internacional de Teatro de Animação de Florianópolis, o FITAFloripa, receberá visitas de canos que emitem sons, caixinhas de lambe-lambe e suas memórias, objetos de uma oficina de artesanato que se comunicam, rabiscos exigentes, sombras reveladoras, palhaços irreverentes e mais uma gama de objetos instigantes que recontam a vida através de uma linguagem semiótica peculiar… O espetáculo da criatividade humana vai entrar em cena de 23 a 30 de junho, com abertura oficial no dia 22, às 20 horas, no Centro de Cultura e Eventos da UFSC, que apóia o evento através da Secretaria de Cultura.
Em sua 6ª edição, o FITA apresenta 24 grupos de teatro do Brasil e do mundo, que farão 80 apresentações na Capital e em mais 11 cidades do Estado em sistema de itinerância: Blumenau, Itajaí, Jaraguá do Sul, Joinville, São José, Lages, Chapecó, Concórdia, Laguna, Tubarão e Criciúma. A produção catarinense em teatro de animação cresceu e nesta edição conta com nove grupos na grade da programação do festival. Na agenda internacional estão confirmados cinco espetáculos da Espanha, um da Itália e uma co-produção franco-portuguesa.
O tradicional cortejo de abertura do festival acontece no sábado (23), com o desfile de bonecos gigantes, acompanhados de grupos de maracatu, boi-de-mamão e uma apresentação de cena do espetáculo “Ubu Rei” da turma de Montagem do Ceart/Udesc, que estará participando do FITA na Mostra Universitária. O cortejo parte do Museu Cruz e Sousa, no centro, às 10h30min., e caminha até o Largo da Alfândega, levando emoção e alegria ao público.
A cerimônia oficial acontece às 20h, no Centro de Cultura e Eventos da UFSC, com a apresentação da peça “O Cano”, do Circo UdiGrudi, de Brasília. O espetáculo é inspirado no número tradicional circense “Excêntricos Musicais”. Brinca com a relação entre a música, feita de maneira não convencional com instrumentos musicais alternativos, e o clown, aquele ser cômico poético que diverte e surpreende.
O FITAFloripa 2012 é apresentado pelo Ministério da Cultura (Minc) –Eletrosul – por meio da Lei de Incentivo a Cultura- e Caixa Econômica Federal, com patrocínio do Funcultural, Governo do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte, da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC  e Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Florianópolis. O apoio cultural é da UDESC e Hotel Majestic. A realização é do Fazendo FITA Cia. Artística e Governo Federal.
A coordenação geral do festival é da professora do Curso de Artes Cênicas da UFSC Sassá Moretti e a coordenação executiva de Zélia Sabino, cenógrafa do Departamento Artístico Cultural da Secretaria de Cultura da UFSC.
Paralelas ao festival acontecerão as atividades formativas, com oficinas de interpretação com máscaras, entre outras. O FITA ainda terá mesa de conversas com integrantes de companhias brasileiras de teatro, professores e pesquisadores do Teatro de Animação entre outras atividades. Informações no site www.fitafloripa.com.br
Itinerância
Laguna é a primeira cidade a receber o festival fora da Capital. Ao longo de oito dias, os espetáculos “Cirquinho de pulgas”, da Legião de Palhaços (Rio do Sul), “No Toquen Mis Manos”, da Valéria Guglietti Cia de Sombras (Espanha), “Circo Trapizonga”, do Teatro Perrotta (PR), “Que Viva Anita!”, do T.I.L.T  (Itália) percorrerão algumas dessas 11 cidades. O teatro itinerante ocorre através do projeto FITAFloripa e SESC: Uma Viagem com o Teatro de Animação.
Serviço
O quê: 6º FITAFloripa
Quando: 23 a 30 de junho de 2012
Abertura: 23, às 20 horas, no Centro de Cultura e Eventos da UFSC
Onde: Florianópolis, Blumenau, Itajaí, Jaraguá do Sul, Joinville, São José, Lages, Chapecó, Concórdia, Laguna, Tubarão e Criciúma. Em teatros, instituições e nas ruas. Confira a programação no site www.fitafloripa.com.br
Quanto: Gratuito (Concha Acústica, Museu Cruz e Souza, Largo da Alfândega / Catedral, Teatro SESC Prainha, instituições e turmas de escolas públicas em qualquer espaço de apresentação.)
R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada)* para espetáculos do Centro de Cultura e Eventos, Igrejinha/Teatro da UFSC, TAC e Teatro da UBRO.
*Meia-entrada para estudantes, pessoas acima de 60 anos, classe artística (com apresentação de DRT), funcionários e clientes da CAIXA (mediante apresentação de cartão).
*Faça uma doação à Campanha do Agasalho 2012 e pague meia-entrada para qualquer espetáculo do 6° FITA.
 
— Agendamento para escolas através do http://www.fitafloripa.com.br ou pelo email escolas@fitafloripa.com.br – –
 
Serviço
O quê: Abertura do FITAFloripa
Quando: 23 de junho, 20h
Onde: Centro de Cultura e Eventos da UFSC, Trindade, Florianópolis
Quanto: R$10 / R$ 5 + um agasalho, R$ 5 (estudantes, pessoas acima de 60 anos, classe artística (com apresentação de DRT), funcionários e clientes da CAIXA (mediante apresentação de cartão)
Mais informações e marcação de entrevistas, entrar em contato com as jornalistas Gisa Frantz(48) 9105 – 0191 e Manoela Pinheiro (48)9989-5440, ou pelo e-mail: imprensa@fitafloripa.com.br
Divulgação na UFSC: Assessoria de Comunicação da Secult
37219459 e 99110524 (Raquel Wandelli)

Pesquisadores e índio Ticuna promovem diálogo sobre culturas na UFSC

14/05/2012 15:39

A arte, a ciência e o misticismo dos índios brasileiros encerram ainda um mundo de mistério que fascina e intriga as sociedades brancas na descoberta do outro colonizado. Os Ticuna, povo indígena mais numeroso da Amazônia e do Brasil, são os grandes homenageados das atividades em comemoração à 10 a. Semana Nacional dos Museus na Universidade Federal de Santa Catarina. Pacíficos mas irredutíveis na luta por seus direitos, os Ticuna, ou povo Magüta, são tema de conferências, debates e de uma impressionante exposição de máscaras, esculturas e objetos ritualísticos que representantes dessa nação do Alto Rio Solimões irão conhecer em visita ao campus universitário em Florianópolis.

 

Com a presença de Nino Fernandes, representante famoso da nação Ticuna (ou Tukúna), o debate “Museus e povos indígenas: espaço para o diálogo intercultural” abre a Semana dos Museus no dia 19 de maio, como parte das atividades do Projeto Museu em Curso. A mesa-redonda será realizada às 18 horas, no segundo andar do novo prédio do Museu de Arqueologia e Etnologia Professor Oswaldo Rodrigues Cabral (MArquE/UFSC), em uma parceria com o Curso de Graduação em Museologia da UFSC, o Instituto Brasil Plural e o Museu Amazônico da Universidade Federal da Amazônia. Além do ticuna Nino Fernandes, diretor do Museu Magüta, localizado em Manaus, participam da mesa de discussão João Pacheco de Oliveira e Priscila Faulhaber, dois grandes antropólogos, pesquisadores e indigenistas.

 

O objetivo da semana é imergir no mundo pensado e vivido pelo povo Ticuna, diz a chefe da Divisão de Museologia, Cristina Castellano. Mundialmente conhecidos por seus rituais de iniciação da puberdade, como a Festa da Moça Nova, os Magüta foram visitados por um pesquisador catarinense pela primeira vem em julho de 1962. Nesse ano, o antropólogo do antigo Museu da UFSC, Sílvio Coelho dos Santos, já falecido, realizou sua pesquisa de campo do Curso de Pós Graduação em Antropologia do Museu Nacional do Rio de Janeiro entre os Magüta do Alto Solimões.

 

A exposição “Ticuna em dois tempos”, que vai até o dia 25 de outubro no Marque, reunindo a coleção do antropólogo e do artista plástico amazonense Jair Jacmont, é uma mostra do colorido e da exuberância da arte desse povo, que se notabilizou em todo mundo por sua cosmogonia e objetos ritualísticos. As mais de 300 peças em exposição expressam também o modo de ver o mundo dessa grande nação espalhada entre a Amazônia brasileira, Colômbia e Peri, que divide os indivíduos de sua sociedade de castas em duas linhagens, entre as quais se classificam todos os seres vivos, humanos ou não: a das aves e a das plantas.

 

Palestrantes:

 

O Ticuna Nino Fernandes dirige o Museu Magüta, o primeiro museu indígena do país que, em 1996, foi premiado pelo International Commitee on Museums (ICOM) e em 1999 foi tema de uma grande exposição realizada no Tropenzmuseum (Museu Tropical) em Amsterdam. Nino Fernandes recebeu a Ordem do Mérito Cultural do ano de 2005 do então presidente Lula e do ministro da Cultura Gilberto Gil. Em 2007 foi agraciado com a Comenda da Ordem do Mérito Cultural e em dezembro de 2008 com o Prêmio Chico Mendes, outorgado pelo Ministério do Meio Ambiente.

Autor de volumosa obra, entre livros e artigos publicados, João Pacheco de Oliveira é Professor Titular do Museu Nacional do Rio de Janeiro, curador das coleções etnológicas do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social e docente do da UFRJ. Foi presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) entre 1994 e 1996 e por diversas vezes exerceu a função de coordenador da Comissão de Assuntos Indígenas, função pela qual responde também na atual gestão.

 

Atuando ao lado dos Ticuna desde a década de 1970, Oliveira foi um dos fundadores e primeiro presidente do Centro de Documentação e Pesquisa do Alto Solimões. A entidade criada em 1986 deu origem ao atual Museu Magüta, administrado pelo movimento indígena, por meio do Conselho Geral da Tribo Tikuna. Em 1977 publicou a dissertação As Facções e a Ordem Política em uma Reserva Tükuna, defendida pela UnB e em 1988 a tese “O Nosso Governo”; os Ticuna e o Regime Tutelar, pela UFRJ.

Priscila Faulhaber é pesquisadora da Coordenação de História da Ciência do Museu de Astronomia e Ciências Afins e pesquisadora-associada do Museu Paraense Emílio Goeldi, de Belém. Atua como professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Amazonas e do Programa de Pós-Graduação em Museologia da Unirio.

Sua dissertação de mestrado, defendida em 1983 (UnB), foi publicada em livro sob o título O Navio Encantado; Etnia e Alianças em Tefé. Nela a pesquisadora enfoca o contexto das relações inter étnicas dos povos Miranha, Matsé (Mayoruna) e Cambeba e vários segmentos da sociedade envolvente na região de Tefé, no Médio Rio Solimões. Sua tese, O Lago dos Espelhos; um estudo antropológico a partir do movimento dos índios de Tefé/AM, de 1992 (Unicamp), publicada em 1998, oferece exame sobre o entendimento de fronteira étnica, definida a partir das tensões produzidas com a demarcação das terras indígenas no Médio Solimões.

As relações entre a iconografia das máscaras ticuna da Coleção Curt Nimuendaju (1941/1942) e a mitologia exposta na monografia desse etnólogo remete, como escreve a autora, “à análise da performance do ritual de puberdade feminina”. Diz Priscila Faulhaber que essa simbologia “toca as temáticas da fertilidade da mulher e da natureza, da complementaridade das metades, da passagem do tempo, das obrigações sociais da mulher e dos papéis e lugares na organização social Ticuna.”

Quem são os Ticuna

1.    Autodenominação – Magüta

2.    Língua e família linguística – Ticuna

3.    Quantos são – totalizam cerca de 52.000 pessoas

4.    Onde habitam – no Brasil, Colômbia e Peru. No Brasil a maioria ocupa a região do Alto Solimões, ocorrendo também presença no médio e no baixo curso do rio Solimões, estado do Amazonas

5.    Terras Indígenas no Brasil – atualmente somam 28. Homologadas e registradas: 20; homologadas: 03; declaradas: 04 e em identificação: 01

 

Vivem em mais de uma centena de aldeias e atualmente algumas famílias habitam também centros urbanos como, por exemplo, Benjamin Constant, São Paulo de Olivença, Beruri e Manaus.

Integrantes do povo Ticuna se encontram em processo de escolarização nas aldeias ou fora delas, o que implica o ingresso em diversos cursos superiores, incluindo os de Licenciatura Intercultural Indígena, da Universidade Estadual de Amazonas (UEA) e Universidade Federal de Amazonas (UFAM). Para incentivar e monitorar esse processo de escolarização, os Ticuna criaram a Organização Geral dos Professores Ticunas Bilíngues (OGPTB) em dezembro de 1986.

Em sua vigorosa postura pela autodeterminação e reconhecimento de seus direitos territoriais instituíram, em 1982, o Conselho Geral da Tribo Ticuna (CGTT) e posteriormente, em 1990, o Museu Magüta, localizado no município de Benjamin Constant, no Amazonas.

Fonte: Instituto Socioambiental (http://www.socioambiental.org.br/)

 

Serviço:

 

O quê: Mesa redonda do Projeto Museu em Curso “Museus e Povos Indígenas: Espaço Para o Diálogo Intercultural”.

Quando: 15 de maio de 2012, das 16h às 18h

Onde: 2° Piso do Pavilhão Antropólogo Sílvio Coelho dos Santos / MArquE – UFSC

Campus Universitário

Entrada franca com direito a certificados

Informações: 48 3721-8604 ou 9325

E-mail: ufsc.mu.museologia@gmail.com

 

Raquel Wandelli

Jornalista da UFSC na SeCArte

raquelwandelli@yahoo.com.br

37219459 e 99110524

Divisão de Museologia

Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral – UFSC

Campus Universitário Reitor João David Ferreira Lima – Trindade – CEP 88.040-900 – Florianópolis – Santa Catarina – Brasil
Telefones: 48 3721-8604 / 6473 / 9325

Mostra fotográfica comemora o dia de Portugal

11/05/2012 10:59

O Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) inaugura no próximo dia 14, segunda-feira, a exposição fotográfica “O Mastro de São Sebastião”, de Joi Cletison, no Espaço Cultural do NEA. A mostra faz parte das manifestações culturais que acontecem no mundo todo, em alusão ao dia de Portugal, 10 de junho. Gratuita, a visitação ocorre de segunda a sexta-feira das 9h às 12h e das 14h às 17 horas, e vai até 29 de junho.

Trazido no século XVIII à cidade de Penha, litoral norte do Estado de Santa Catarina, o ritual do mastro de São Sebastião é uma herança portuguesa. O Grupo Folclórico Armação do Itapocorói mantém a tradição até os dias atuais, encenando-a sempre no mês de janeiro, conforme documentou o fotógrafo Cletison, que é também coordenador do NEA. Em seu registro, Cletison mostra todos os passos dessa prática cultural, desde a busca do tronco de árvores até a oração final.

 

 

O RITUAL

 

Um tronco de árvore é enfeitado pelas mulheres, com ramos, folhas verdes e flores. Os homens o carregam aos ombros e levam em cortejo pela povoação, até a frente da igreja ou praça, onde cravam o mastro no chão. Fincado o mastro, içam a bandeira com a imagem de São Sebastião para que o povo reze, andando ao seu redor ou dançandoem roda. Batempalmas, aplaudem, cantam e fazem suas preces e promessas ao santo. Quando a reza comum termina, algumas mulheres ficam orando junto ao mastro, segurando as ramagens.

O povo percebe a festa como uma cerimônia tradicional cristã, em que elementos naturais, como as flores e o símbolo fálico tornam-se religiosos e sagrados pela presença de São Sebastião. No entanto, a celebração tem um aspecto claramente pagão e pré-histórico, como um ritual de fertilidade: as mulheres retiram flores e folhas do tronco, riem e contam piadas alusivas a sexo. Afirmam que uma flor retirada do mastro garante um bom casamento.

 

SERVIÇO:

QUANDO: 14 de maio a 29 de junho de 2012, de segunda a sábado das 9h às 12h e das 14h às 17h

Local: Espaço Cultural do NEA/UFSC

Informações: (48) 3721.8605 ou nea@nea.ufsc.br

Fotografias para divulgação: http://ftp.identidade.ufsc.br/Exposicao_MastroSaoSebastiao_FotosJoiCletison.zip

Promoção:

UFSC/Secretaria de Cultura e Arte

Realização:

Núcleo de Estudos Açorianos

Apoio:
Direcção das Comunidades/ Governo dos Açores

Agecom

 

 

Matheus Moreira Moraes

Estagiário de Jornalismo da SeCArte/UFSC

3721-8729 / passaportecultural2@gmail.com

Museu abre nesta quarta exposição “Ticuna em dois tempos”

10/05/2012 15:27

A exposição “Ticuna em dois tempos” traz o resultado de duas histórias de amor e homenagem a mais numerosa nação indígena do país. Nesta quarta-feira (9), às 19 horas, no campus da UFSC, o Museu de Arqueologia e Etnologia Professor Oswaldo Rodrigues Cabral (MArquE) cruza dois olhares de duas épocas distintas em duas coleções produzidas com critérios e objetivos diferentes sobre a mesma etnia, os Ticuna ou Mgüta, que vivem no Alto Rio Solimões, na Amazônia brasileira e também na Colômbia e Peru. De um lado, o olhar do historiador e antropólogo catarinense Sílvio Coelho dos Santos, que reuniu sua coleção quando participou de expedição à Amazônia do Curso de Especialização em Antropologia do Museu Nacional, na década de 1960. De outro, o olhar estético do artista plástico Jair Jacmont, que formou sua coleção na década de 1970, adquirindo os objetos dos próprios índios, na cidade de Manaus.

Exibidas pela primeira vez ao público, as duas coleções juntas assombram e fascinam pela beleza e expressividade. A exposição conjunta é um projeto alimentado há longa data pelas duas instituições de extremos opostos do Brasil, com o objetivo de promover o diálogo entre esses dois reveladores olhares para a mesma cultura, explica a diretora do MArquE Teresa Fossari. Começa no dia 10 de maio e vai até 25 de outubro, de segunda a sexta, das 10 às 17 horas.

Integram o conjunto de Sílvio Coelho 53 objetos e  registros de campo, compostos por 135 diapositivos (slides) e dois diários produzidos pelo antropólogo catarinense no coração da selva amazônica. São adornos pessoais, cerâmicas, cestos e utensílios domésticos, bonecas esculpidas em madeira, estatuetas em madeira de macaco prego, esculturas antropozoomorfas, mantas, remos, indumentárias completas, brinquedos infantis, um tambor e principalmente bastões cerimoniais, máscaras e outros objetos ritualísticos utilizados na Festa da Moça Nova, além de slides ampliados de figuras humanas e paisagens.

 

Artista plástico amazonense que se inspira nos Ticuna para produzir seus quadros, Jacmont começou a colecionar as peças de arte indígena que as elites da região consideravam “panema” (azar) dentro de casa. Influenciado pelo movimento cubista na arte, Jair Jacqmont passou a observar tridimensionalidade, textura, cores, formas e conceitos das peças indígenas, como Picasso fez com máscaras e estátuas dos povos africanos. Passou a comprar no Mercado Municipal Adolpho Lisboa, em Manaus, peças Ticuna que os vendedores consideravam “artesanatos”, valorizando-as como genuínas obras de arte, sobretudo pela sua tridimensionalidade. Assim reuniu 135 peças, entre esculturas antropomorfas e bastões de ritmo e de comando usados para danças e rituais, além de uma considerável quantidade de máscaras esculpidas em madeira. Sob a guarda do Museu Amazônico da Universidade Federal da Amazônia desde 1994, essa coleção veio para Florianópolis como parte de uma parceria com a Rede de Museus do Instituto Brasil Plural – IBP.

 

Sílvio Coelho entre os Ticuna

Desde a vivência com os Ticuna (Túkuna, na grafia original) em julho, agosto e setembro de 1962, até o dia de sua morte, em outubro de 2008, de câncer, Sílvio Coelho dos Santos dedicaria sua inteligência e energia física à compreensão do modo de ser índio. Ao retornar da expedição comandada pelo antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira, seu orientador, esse legado foi depositado na Reserva Técnica da antiga sede do Museu Universitário, do qual ele foi um dos fundadores, aguardando as condições de climatização e conservação que um acervo dessa natureza e importância exige para ser exposto. Isso só foi possível com a inauguração do grande Pavilhão Sílvio Coelho dos Santos, do MArquE, inaugurado em sua homenagem, no dia 24 último, pela Secretaria de Cultura e Arte da UFSC.

 

Subindo de barco os igarapés e visitando comunidades, Sílvio Coelho recolheu objetos representativos dessa cultura com a preocupação de salvá-los da desaparição e esquecimento futuros, em uma mostra do vínculo afetivo e político que o ligou ao “povo pescado com vara”. A cosmogonia Ticuna acredita que essa gente foi pescada com vara por um herói mítico (Yo´i) nas águas vermelhas do igarapé Eware, segundo conta a chefe da Divisão de Museologia do MArquE Cristina Castellano, que coordena a exposição ao lado da museóloga Viviane Wermelinger  e da restauradora  Vanilde Ghizoni. Depois de nascer do rio, passou a habitar as cercanias da montanha Taiwegine, onde morava o herói, um local preservado até hoje como testemunho sagrado da gênese desses índios que enfeitiçaram o antropólogo catarinense pelo coração e pela mente.

 

Serviço:

Exposição “Ticuna em Dois Tempos”

Local: Museu de Arqueologia e Etnologia Professor Oswaldo Rodrigues Cabral

Universidade Federal de Santa Catarina – Campus Universitário Reitor João David Ferreira Lima – Trindade – Florianópolis – SC

Abertura: 9 de maio, às 19 h

Período de exposição: 10 de maio a 25 de outubro de 2012

Horário: Segunda a sexta (fechado as terças) – 10h às 17h

 

Texto: Raquel Wandelli

Jornalista da UFSC na SeCArte

raquelwandelli@yahoo.com.br

37219459 e 99110524