Exposição de desenhos e pinturas de Augusto César e Idésio Leal no Hall da Reitoria da UFSC

10/09/2019 07:25

Mergulho. Desenho de A. César

Está em exposição no Hall da Reitoria da UFSC o conjunto de obras “No limiar da Superfície”, com desenhos e pinturas de Augusto César de Oliveira e Idésio Leal. A mostra poderá ser vista de segunda a sexta-feira, das 7 às 19 horas, até o dia 19 de setembro. Ao todo deverão serão expostas cerca de 30 obras: desenhos com técnica mista e pinturas em acrílico sobre tela.

Os artistas se conheceram há alguns anos em Florianópolis e, naquela ocasião, devido à conexão que perceberam entre as suas obras, surgiu a ideia de algum dia realizarem uma exposição em conjunto, o que o público poderá apreciar agora.  A mostra na Universidade é uma promoção do Departamento Artístico Cultural (DAC)/SeCArte da Universidade Federal de Santa Catarina.

As obras e os artistas

Desenhos – Augusto César de Oliveira

Aliança. Desenho de A. César

O artista apresenta desenhos sobre papel, com dimensões em torno de (30×42)cm, em que faz uso de técnicas mistas, como têmpera goma arábica, pigmentos xadrez, grafite em pó e guache, e bico de pena. Os desenhos são apresentados aos pares, segundo duas séries: “pictórico”, com manchas de tinta a pincel, em temas abstratos, mas sempre com alguma referência ao natural, e “linear”, com bico de pena. O artista define as séries como “império da linha” e “império da mancha”. Os trabalhos são resultado de investigações em que o artista se lança ao desafio de chegar ao não previsível, de chegar a um resultado inesperado, e os trabalhos são apresentados não em posição horizontal, como paisagem, mas em posição vertical, como retrato, porque é um enquadramento que “aproxima o artista do objeto do quadro”. As obras foram produzidas no Rio de Janeiro e em Florianópolis, entre 1998 e 2017, e são mostradas agora pela primeira vez ao público.

Augusto César nasceu em Florianópolis (1958), onde residiu até os 6 anos de idade; ainda criança, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, cidade em que realizou sua formação artística e viveu até 2015, retornando em seguida à sua terra natal onde vive até hoje. Em Florianópolis, há alguns anos, acompanhou a produção de documentários da série de interprogramas “A cor da nossa tela” – criação e direção do cineasta Zeca Nunes Pires, sobre artistas visuais que vivem em Santa Catarina –, ocasião em que visitou ateliês e pode conhecer o trabalho e muitos artistas que vivem na cidade – foi numa dessas ocasiões que conheceu Idésio Leal.

É formado em Pintura e Gravura pela Escola de Belas Artes da UFRJ, Rio de Janeiro, mesma cidade em que fez o curso “Arte no Século XX” com o professor Luis Camilo Osório e o curso de Pintura com o professor Charles Watson, e também participou de exposições no “X Salão de Alunos da Escola de Belas Artes – UFRJ – Pintura e Desenho, recebendo premiação pelo conjunto (1987), e no “1° Salão SESC de Gravura (RJ) – Litografias” (1996). Participou com xilogravuras da exposição “Brazilian Expressions” no The State University of West Georgia, Estados Unidos (1999). Salão de Artes Novíssimos – Galeria de Arte IBEU ( RJ) / Solar do Jambeiro, Niterói (RJ)  – Fotografias (2008). Em Santa Catarina, expôs fotografias no Hall da Reitoria da UFSC (2000) e desenhos, em 2015/2016, na Feira de Artes Visuais MOSQ – SC, da Fundação Hassis.

Pinturas – Idésio Leal

As pinturas do artista remetem ao expressionismo, abordando temas clássicos da pintura: natureza morta, paisagem com casario e retratos. Os trabalhos têm dimensões aproximadas de (50×70)cm na técnica de acrílica sobre tela; dentre as obras desta mostra, há produções recentes. O crítico João Evangelista de Andrade Filho certa vez escreveu: “Reparemos nesse esforço sanguíneo de Idésio, onde vem aflorar os pulsantes motivos locais, as idiossincrasias do rico cotidiano, o bestiário ilhéu que se universaliza em nível de quase-mito; atendemos ao casamento da erudição e do brutalismo, e, em outro nível, ao jogo da imanência e da transcendência”.

Idésio Leal Lourenço nasceu em Santo Antônio de Lisboa (1963), interior da Ilha de Santa Catarina. Em 1980 iniciou seusestudos de pintura com Rodrigo de Haro, assistindo o artista na realização de murais, como do Teatro Adolpho Mello, em São José (1981/2), e da Reitoria da UFSC, em Florianópolis: “Livro da criação da América Latina”. Expôs pela primeira vez em 1984 na Mostra de Artistas Catarinenses Jovens, no MASC, e desde então vem apresentando sua obra regularmente, inclusive participando da mostra “A Ilha em Buenos Aires” (Palais de Glace, 1995/6) e de uma individual na FUNARTE em São Paulo (1997). Além de pintor, Idésio Leal é mosaicista, tendo auxiliado Rodrigo de Haro em diversas obras. Atuou também como cenógrafo do filme “Cruz e Souza – O poeta do Desterro”, do blumenauense Silvio Bach(1998) e, nos anos oitenta, através da “Athanor”, editora artesanal na Lagoa da Conceição, publicou Martinho de Haro, Alcides ‘Buss, Pedro Port, Iaponan Araújo, Leonor Scliar Cabral e Rodrigo de Haro. Embora faça parte de um grupo de artistas que tem as tradições locais como tema principal, não sucumbiu à tentação da exploração seriada e monótona das mesmas. O artista está representado no acervo do MASC. Vive e trabalha na Ilha de Santa Catarina.

As reproduções das obras de Idésio Leal são do fotógrafo Rafael Barreto Bornhausen.Veja o documentário “A cor da nossa tela” – Idésio Leal   

SERVIÇO:

O quê: Exposição “No limiar da Superfície”, com desenhos e pinturas de Augusto César de Oliveira e Idésio Leal.
Quando: Em exposição até o dia 19 de setembro.
Onde: Hall da Reitoria da UFSC, Campus da Trindade, Florianópolis (SC).
Quanto: Gratuito e aberto à comunidade.
Contato: Departamento Artístico Cultural da UFSC: (48) 3721-6493 e 3721-9447 – www.dac.ufsc.br

[CW] DAC/SeCArte/UFSC, com consulta ao Indicador Catarinense de Artes Plásticas, entrevista com artista e texto de Ylmar Corrêa Neto.