Espetáculo “Alguém Sabe Quem é Quem?” na programação do Festival Isnard Azevedo, no Teatro da UFSC, 22 e 23/9

17/09/2019 10:40

O Teatro da UFSC recebe a peça “Alguém Sabe Quem é Quem?”, espetáculo do Grupo Pesquisa Teatro Novo da UFSC, nos dias 22 e 23 de setembro, domingo e segunda-feira, na Sessão Maldita, às 24 horas. O premiado texto de Sérgio Meurer aborda uma temática importante da sociedade: os refugiados/imigrantes no país. Os ingressos são gratuitos e serão distribuídos uma hora antes do início da sessão.

A apresentação integra a programação do Floripa Teatro – 24º Festival Isnard Azevedo – mostra de diversidade teatral que contempla apresentações teatrais de espetáculos de teatro infantil, teatro infanto-juvenil, teatro adulto, teatro de rua e circo-teatro dos mais variados gêneros e formatos, em parcerias com instituições e espaços culturais da cidade. O evento acontece de 8 a 29 de setembro de 2019 na Capital. A apresentação na Universidade tem parceria com o Departamento Artístico Cultural (DAC)/SeCArte da UFSC.

Sinopse

O espetáculo apresenta uma reflexão sobre refugiados e imigrantes na contemporaneidade pontuando encontros e semelhanças naquilo que parece estranho, evitando rótulos rasos sobre qualquer pessoa. O aposentado Geraldo é um imigrante que se mudou para o Brasil ainda criança, quando sua família fugiu da guerra. Gérard é um refugiado, vítima das catástrofes que assolaram o Haiti, que trabalha no Edifício onde mora Geraldo. A rejeição dos moradores do edifício com o trabalhador estrangeiro e a presença de outros núcleos migratórios pontuam a peça.

Por que encenamos esse texto? — segundo a diretora Carmen Fossari

“Porque se não soubermos pelo coração quem é quem, estamos construindo um país do não, do ódio, da intolerância, segregacionista. Queremos, pelo viés humano, um Brasil tolerante, amoroso! Que a arte cumpra sua urgente função social nos difíceis dias que vivemos.

A produção do espetáculo

Logo que a diretora leu o texto, teve o primeiro intuito de trabalhar com um imigrante haitiano, pois é muito atenta a esse núcleo e, por alguns meses, o Grupo contou com a presença do amigo Mackendy Emmanuel, com a esperança de que ele se interessasse em subir ao palco como ator, mas não era a vocação dele. Dessa convivência, o Grupo pode saber a visão dele em relação ao texto, discorrer sobre a cultura haitiana, e também fez perceber da alegria que a espiritualidade imprime à cultura haitiana. A peça reúne dois grandes atores, que já haviam protagonizado montagens anteriores do Grupo Pesquisa Teatro Novo, a saber: Adriano de Brito, que interpretou Cruz e Sousa na peça Vozes Veladas, e Marcos Willerding, que interpretou Pai Ubu, na peça Ubu Rei.

Linguagens e recursos usados na encenação

Das inúmeras montagens do Grupo Pesquisa Teatro Novo está certamente foi a que encontrou muitas dificuldades, coincidindo com um processo que as universidades têm sofrido. Um momento difícil num país que apregoa que a Ciência não é mais relevante, que o saber pode ser dispensado dentre outros temas medievais que saem da escuridão e pulam dentro das redes como fachos de fogueiras para queimar bruxas e bruxos…

Tais dificuldades coincidem com esse universo difícil que vivem os refugiados e imigrantes. Essa montagem acontece porque contou com a energia e a generosidade de todos os artistas envolvidos. A arte imita a vida, ou a vida imita a arte? Diante deste cenário, um desafio: buscar na arte linguagens para um tratamento estético capaz de traduzirem esse universo tão humano e desumano concomitantemente. Quando a criança refugiada síria AylanKurdi, de três anos de idade, morreu afogado em Bodrun, na Turquia, a fotografia comoveu o mundo, e muitos artistas veicularam via internet ilustrações de suas releituras dessa imagem que virou comoção mundial — não foi nem a primeira nem a última. Algumas daquelas ilustrações foram texturizadas e inseridas na peça. O cineasta Zeca Pires gravou uma cena externa no Mercado Público de Florianópolis com o ator Adriano de Brito que é inserida no espetáculo, provocando um diálogo entre teatro e cinema, muito instigante. O músico e compositor Caco Andara criou uma música a partir do tema dos refugiados e que se transformou em tema da peça: um violão cujas cordas se transformam em lágrimas e esperança. Uma gravura do álbum “Florianópolis de Ontem”, de Domingos Fossari, foi inserida como elemento cenográfico para a ambientação histórica.

Como é característica do Grupo Pesquisa Teatro Novo, o público sempre é surpreendido com encenações marcantes, com uma estética que prima pelo diálogo entre a palavra e a forma posta em cena. Essa montagem segue esse caminho, e para tanto recorre a interpretações magistrais de um excelente elenco, recursos de pantomima, cenário interativo, audiovisual, uma trilha sonora original e também de pesquisa de um som incidental. Os ambientes se mesclam com imagens projetadas que muitas vezes se tornam o próprio cenário. Por se tratar de um tema humano denso, a preocupação da direção foi trazer o texto de forma onírica, trazendo a denúncia sem se afastar da linguagem estéticaque a arte também evoca!

Elenco:
Adriano de Brito
Marcos Willerding
Beth Nogueira
Marlete Duarte
Arthur Folkovski
Muriel Martins
Pedro Seolin
Maurício Leão

Ficha Técnica:
Cenografia: Marcos Carioni
Cena filmada: Zeca Pires
Montagem de Luz: Luciano Bueno de Oliveira
Música Original Violão: Caco Andara
Pesquisa: Grupo Pesquisa Teatro Novo (GPTN) da UFSC
Colaborador (cultura haitiana): Mackendy Emmanuel
Figurino: Acervo GPTN
Apoio no Figurino: Marlete
Maquiagem: Grupo Pesquisa Teatro Novo
Operador de Som: Márcio Tessmann
Desenho de Luz, Trilha Sonora e Texturização das Imagens: Calu
Apoio de bastidores: Eugenia Reksua e Cristhofer Laurindo
Fotos: Carmen Fossari
Agradecimentos: Departamento Artístico Cultural e Secretaria de Cultura e Arte da UFSC

Festival Isnard Azevedo 2019

O Floripa Teatro – Festival Isnard Azevedo é uma realização da Prefeitura de Florianópolis, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Juventude, Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, e Ministério da Cidadania – Governo Federal. Patrocínio: Engie. Apoio: CEART/UDESC, SESC/SC, Fundação Catarinense de Cultura, Governo do Estado de Santa Catarina. O evento acontece de 8 a 29 de setembro de 2019 na Capital.

Serviço:

O quê: Apresentação do espetáculo “Alguém Sabe Quem é Quem?”, do Grupo Pesquisa Teatro Novo da UFSC, na programação do Floripa Teatro.
Quando: dias 22 e 23 de setembro de 2019, domingo e segunda-feira, na Sessão Maldita, às 24 horas.
Onde: Teatro da UFSC (ao lado da Igrejinha), Praça Santos Dumont / Rua Desembargador Vítor Lima, 117, Trindade, Florianópolis (SC).
Quanto: Entrada franca, por ordem de chegada. Os ingressos são gratuitos e serão distribuídos uma hora antes do início da sessão. (Capacidade do Teatro: 108 pessoas)
Gênero: Drama – Duração: 60 minutos – Classificação: 16 anos
Contato: Departamento Artístico Cultural: telefones (48) 3721-6493, 3721-9447 e 3721–2498 — www.dac.ufsc.br

Mais sobre o Festival em www.floripateatro.com.br

Matheus Bonfim / Estagiário de Jornalismo / DAC/SeCArte/UFSC, com texto da direção do espetáculo