Autobiografia do artista e servidor aposentado da UFSC, ‘Peninha’, será lançada dia 30

25/07/2019 09:20

O livro “Narrativas absurdas: verdades contadas por um mentiroso”,  de Gelci José Coelho, conhecido também como “Peninha”, servidor aposentado da UFSC junto ao Museu de Arqueologia e Etnologia Oswaldo Rodrigues Cabral (MArquE), será lançado na terça-feira, 30 de julho, a partir das 19 horas, no Museu Histórico Municipal de São Jose.

Em “Narrativas absurdas: verdades contadas por um mentiroso”, o artista, pesquisador e museólogo traz um texto que mescla sua história de vida com lendas, contos e casos raros do litoral de Santa Catarina, narrando sua trajetória desde as primeiras lembranças até os dias atuais. Por mais de uma década, Peninha colaborou com o artista, folclorista e professor Franklin Joaquim Cascaes, que se dedicou a registrar as lendas, histórias e costumes dos descendentes açorianos na ilha de Florianópolis. Tornando-se admirador, incentivador e amigo de Franklin Cascaes, Peninha é responsável pela difusão das obras do artista, que se encontram no Museu da UFSC.

Sobre o livro

“Narrativas absurdas: verdades contadas por um mentiroso é um texto autobiográfico que mescla o testemunho da experiência vivida com o olhar fugidio da imaginação que se lança sobre a memória quando então tudo se mistura: realidade, ficção, poesia, espanto, tragédia e assombração, no melhor que o realismo mágico, enquanto gênero literário, pode oferecer”, resume Bebel Orofino, roteirista e escritora que assina a edição da obra junto com o autor. Grande amiga de Peninha e autora de projetos importantes como a minissérie Ilha das Bruxas, o espetáculo teatral Catharina, uma ópera da Ilha e o livro Vozes da Lagoa, foi dela a ideia de transformar o manuscrito em livro.

“A mitologia da Ilha de Santa Catarina é sensacional. E pouco se fala sobre isso. Santa Catarina é o único estado do Brasil onde se encontram narrativas mágicas únicas, surreais, com seres sobrenaturais próprios – em especial, as bruxas e os bruxos e suas estripulias. E, é claro, a proteção das poderosas benzedeiras e dos benzedores, com suas rezas, amuletos, breves, ervas e receitas infalíveis”, reforça Bebel Orofino. E acrescenta: “Se engana quem pensa que só há bruxas”, citando outras personagens como boitatás, vacatatás, ondinas, sereias, lobisomens, vampiros, mulas-sem-cabeça, fantasmas, visagens, almas em procissão entre outros seres do mundo sobrenatural. “Este livro do Peninha fala de tudo isso com sotaque local. Não há dúvidas de que é um dever nosso a publicação e a difusão destas histórias que guardam a alma da nossa cultura popular”, enfatiza.

Sobre o autor

Nascido em São Pedro de Alcântara, em 10 de agosto de 1949, Gelci José Coelho, o Peninha, é um dos guardiões da história, memória, cultura e arte de Santa Catarina. Cresceu e viveu em São José até bem pouco tempo, quando se mudou para a Enseada de Brito, em Palhoça, onde mora até hoje. Com formação em História e Museologia, trabalhou desde os 21 anos até a aposentadoria na UFSC junto ao MArquE. Nesta instituição, atuou em pesquisa, guarda de acervo, exposição, gestão em museologia e se tornou, em 1996, Diretor do Museu, cargo no qual permaneceu até se desvincular da instituição, em 2008. Trabalhou com o artista, folclorista e pesquisador Franklin Joaquim Cascaes por mais de uma década, sendo seu assistente e aprendiz.

Peninha (no canto à direita) na abertura de exposição da obra de Franklin Cascaes, em 1974. Foto: Acervo Agecom.

É artista plástico, perfomer, ator, dramaturgo, produtor de instalações urbanas como o Presépio Natural e Artesanal da Praça XV de Novembro no centro de Florianópolis. É apoiador e consultor de atividades culturais ligadas à herança dos açorianos, dos descendentes das nações africanas e indígenas que habitam o litoral catarinense, sendo também um reconhecido contador de histórias. Dentre as lendas de sua autoria, a mais famosa é a do Baile das Bruxas em Itaguaçu. As icônicas pedras da praia no bairro de Coqueiros, na parte continental de Florianópolis, seriam bruxas que foram petrificadas por não terem convidado o diabo para a grande festa que promoveram ali. A lenda já faz parte do repertório cultural da região e foi devidamente reconhecida pelo poder público municipal, que a registrou em uma placa de ferro fixada no local. As ‘Pedras de Itaguaçu’ foram tombadas como Patrimônio Natural, Paisagístico e Cultural do Município em 2014.

Sobre a exposição

As fotos de autoria de Biah Schmidt registram o cotidiano de Peninha em dois momentos diferentes. O primeiro registro, realizado durante o período Flower Power ou desbunde tropical, como narrado no capítulo 4 do livro, recupera a ousadia vanguardista do autor/artista. Um conjunto de mais de 15 fotos em preto e branco trazem a força e a potência criativa de um artista se abrindo para o mundo a partir da efervescência da cena artística e cultural da Ilha de Santa Catarina nos anos 1970. As imagens recuperam a autoria do artista em seu jeito de ser: diferente, irreverente, sensual e provocador em seu jogo de corpo. Sim, Peninha ajudou a mudar o mundo e isso já 50 anos atrás, quando começou sua carreira como ator, dramaturgo, performer, artista plástico e criador de instalações urbanas. O segundo momento, com 15 fotos coloridas, mostra o Peninha escritor, sossegado e delirando livremente na encantada Enseada de Brito. Estas imagens mostram o autor dos casos raros narrados no capítulo 6 do livro, quando conseguiu parar para escrever e contar várias histórias.

Biah Schmidt, grande amigo do Peninha, foi o fotógrafo oficial do artista nos anos 1970. “Eu admirava muito o Peninha, a pessoa dele, o grande artista, a irreverência, a casa dele – aquela geodésica louca -, então tomei a iniciativa de fotografar o seu cotidiano. Foi maravilhoso encontrá-lo agora, em 2018, na encantada Enseada como ele próprio se refere, para repetir a experiência”, comenta.

Serviço

O quê: lançamento do livro “Narrativas absurdas: verdades contadas por um mentiroso”
Quando: 30 de julho – terça-feira – 19 horas
Onde: Museu Histórico Municipal de São José (Rua: Gaspar Neves, 3175 – Centro Histórico)

Tags: Franklin Cascaeslançamento de livroPeninhaUFSC